Mais de 70 pessoas ficaram feridas em confrontos que se estenderam até a madrugada deste domingo (15) em Beirute, capital do Líbano, no episódio mais violento desde outubro, quando teve início a onda de protestos contra o governo do país, segundo a agência EFE.
“Depois de uma relativa calma ter voltado ao centro de Beirute, o balanço é de 54 cidadãos feridos, sendo que 36 deles foram levados a hospitais da região para receber atendimento médico”, informou a Defesa Civil do Líbano em postagem feita no Twitter.
A ministra do Interior, Raya el-Hassan, exigiu neste domingo a abertura de uma investigação “rápida e transparente” para determinar as responsabilidades pela violência.
Já a polícia informou que ao menos 20 agentes que atuaram para controlar um grupo de manifestantes violentos se feriram na ação e foram levados a hospitais próximo ao local do protesto.
A confusão começou na tarde de sábado, quando um grupo de jovens encapuzados lançou fogos de artifício e pedras na direção dos agentes. A imprensa libanesa os identificou como seguidores dos grupos xiitas Amal e Hezbollah, que não se pronunciaram sobre o caso.
Na sexta-feira, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, pediu em discurso transmitido em rede nacional de televisão que os seguidores do movimento sejam pacientes e “controlem seus nervos”.
Horas depois do incidente no centro de Beirute, os manifestantes foram até a sede do parlamento, que fica a poucos metros do local onde o protesto inicial ocorria. Alguns deles tentaram invadir uma praça que está fechada desde o início do movimento, o que fez a polícia reagir para dispersá-los da região.
Os agentes usaram bombas de gás lacrimogêneo, canhões de água e, pela primeira vez desde outubro, dispararam balas de borracha contra a população.
Um fotógrafo da AFP viu no sábado membros da segurança do Parlamento, vestidos com roupas civis, espancando manifestantes. A polícia de choque disparou balas de borracha e os manifestantes atiraram pedras.
Os manifestantes gritaram palavras de ordem contra o presidente do Parlamento Nabih Berri e contra o chefe do governo Saad Hariri.
Os protestos ocorrem na véspera de uma reunião entre o presidente do Líbano, Michel Aoun, e lideranças dos partidos com representação no parlamento para nomear um novo primeiro-ministro. O antigo ocupante do cargo, Saad Hariri, renunciou no último dia 29 de outubro por pressão dos manifestantes.
A indefinição que dura mais de um mês fez com que surgisse a ideia de que Hariri fosse reconduzido ao cargo. O primeiro-ministro do Líbano deve ser sunita, segundo o sistema confessional em vigor no país desde o fim da guerra civil em 1990.
A formação rápida de um novo governo é a condição imposta pela comunidade internacional e pela ONU para poder ajudar o país, que vive uma de suas piores crises econômicas em décadas.
O movimento de contestação no Líbano começou em 17 de outubro contra a classe dominante, considerada corrupta e incompetente. A maioria das manifestações ocorreu de forma pacífica, mas, nas últimas semanas, os confrontos se multiplicaram.
Fonte: G1.