Os dados apresentados esta semana pelo Sistema Global de Previsão (GFS) revelam que foi alcançado um recorde para a maior quantidade de gelo derretido na Antártida em um único dia, mais do que em qualquer outro registrado nas últimas décadas, o que poderia significar uma “emergência climática”.
Os registros, obtidos do Modelo Atmosférico Regional (MAR), mostram que aproximadamente 15% da superfície do continente derreteu em 24 de dezembro, sendo o maior evento desse tipo registrado na Antártida na era moderna, desde 1979.
“A produção de água também foi recorde por causa do degelo de novembro de 2019 até hoje, 230% superior à média”, disse Xavier Fettweis, pesquisador da Universidade de Liège (Bélgica).
O cientista disse à Newsweek que a região está “significativamente mais quente que a média” nesta temporada. No entanto, ele esclareceu que, como os dados são provenientes de um modelo e não de observações no local, é necessário aguardar mais estações de degelo para confirmar o que está acontecendo.
No entanto, Fettweis argumenta que “a marca do aquecimento global não pode ser ignorada”, levando em conta as “anomalias” climáticas observadas nos últimos meses.
Emergência meteorológica?
Por sua parte, Eric Holthaus, meteorologista do Instituto de Meio Ambiente da Universidade de Minnesota (EUA), que compartilhou os novos dados em sua conta no Twitter, acredita que “estamos diante de uma emergência climática”.
Um estudo anterior apresentado na revista Nature destacou que o derretimento na Antártica poderia atingir um ponto crítico. Se certos pontos de inflexão climática fossem excedidos, um efeito dominó de “mudanças irreversíveis a longo prazo” no planeta poderia ser desencadeado, concluíram especialistas.