Líderes mundiais conversaram neste sábado (4) sobre os desdobramentos do ataque aéreo dos Estados Unidos que matou em Bagdá o general iraniano Qassem Soleimani. O aumento da tensão na região gerou reações de líderes na Europa e outros lugares, que tentam amenizar a crise.
O presidente francês, Emmanuel Macron, se reuniu com o presidente iraquiano, Barham Salih, neste sábado. Eles se comprometeram em permanecer em contato para garantir a estabilidade no Iraque.
Macron também diz ter conversado com outros líderes mundiais sobre a situação:
“A escalada de tensões no Oriente Médio não é inevitável. A França tem duas prioridades que eu compartilho com todos os líderes envolvidos com os quais entro em contato: a soberania e segurança do Iraque, bem como a estabilidade da região; a luta contra o ISIS e o terrorismo. Nada deve nos distrair desses objetivos”, escreveu Macron no Twitter.
Barham Salih já tinha condenado na sexta-feira (3) o ataque e pedido moderação de todas as partes.
O ministro das relações exteriores da Alemanha, Heiko Maas, disse neste sábado ao jornal “Bild am Sonntag” que vai tentar conversar com o governo do Irã e outros parceiros na região para evitar o aumento da violência.
“Todos temos que estar conscientes de que qualquer provocação pode levar a uma espiral de violência incontrolável, com consequências imprevisíveis para toda a região e também para a segurança da Europa”, disse Heiko Maas.
Veja mais sobre a repercussão entre líderes mundiais além dos EUA e Irã:
Reino Unido
O ministro das Relações Exteriores britânico, Dominic Raab, apelou a “todas as partes à desescalada”.
“Sempre reconhecemos a ameaça agressiva da força iraniana Al-Qods liderada por Qassem Soleimani. Após sua morte, pedimos a todas as partes que diminuam a escala. Outro conflito não é de forma alguma do nosso interesse”, declarou o chefe da diplomacia britânica.
O governo britânico emitiu um aviso pedindo que seus cidadãos não viagem para o Iraque, e que apenas em extrema necessidade viajem ao Irã.
França e Holanda
Paris também considerou que “a escalada militar é sempre perigosa”. “Nosso papel não é ficar de um lado ou de outro, é falar com todos”, disse a secretária de Estado para os Assuntos Europeus, Amélie de Montchalin, assegurando que Paris procura criar “as condições para a paz em qualquer caso para a estabilidade”.
A Holanda também alertou seus cidadãos que moram no Oriente Médio.
ONU
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, estimou que “o mundo não pode permitir uma nova guerra no Golfo”, e apelou “aos líderes a fazerem prova de máxima contenção” neste momento de tensões.
União Europeia
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, considerou que o “ciclo de violência, de provocações e de represálias deve cessar” e que “uma escalada deve ser evitada a todo custo”.
China
A China expressou sua “preocupação” e pediu “calma”. “Pedimos a todas as partes envolvidas, principalmente aos Estados Unidos, que mantenham a calma e exercitem auto-controle para evitar novas tensões”, disse um porta-voz da diplomacia, Geng Shuang.
O chefe da diplomacia chinesa ligou para o ministro das relações exteriores iraniano para dizer que os EUA deveriam parar de abusar da força e buscar soluções por meio do diálogo.
Rússia
A Rússia alertou para as consequências da operação “perigosa” americana, que resultará no “aumento das tensões na região”, segundo o ministério das Relações Exteriores russo.
Para o presidente Vladimir Putin, o assassinato ameaça “seriamente agravar a situação” no Oriente Médio.
Israel
O governo israelense colocou as Forças Armadas em alerta máximo nesta sexta-feira (3), mas, até agora, não se pronunciou sobre o ataque.
O silêncio sobre o ataque dos integrantes do gabinete de segurança de Benjamin Netanyahu foi interpretado pela mídia israelense como uma tentativa de impedir retaliação de representantes e aliados do Irã na região. Isso inclui o Hezbollah, movimento libanês apoiado por Teerã, e os grupos militantes palestinos Hamas e Jihad Islâmica, em Gaza.
Líbano
O líder do movimento xiita libanês Hezbollah, um grande aliado do Irã, prometeu “a justa punição” aos “assassinos criminosos” responsáveis pela morte do general iraniano.
Iêmen
Os rebeldes iemenitas huthis, apoiados por Teerã, apelaram, por meio da voz de Mohammed Ali al-Huthi, uma autoridade da direção política rebelde, a “represálias rápidas e diretas”.
Arábia Saudita
País pediu autocontrole para evitar mais violência depois do ataque dos EUA. O ministro de Relações Exteriores publicou uma declaração em que afirma que a comunidade internacional precisa atender suas responsabilidades para garantir a segurança na região.
Austrália
O primeiro-ministro lembrou dos diplomatas que estão no Iraque, disse que aumentou a segurança na embaixada australiana em Bagdá e que está monitorando a situação.
Brasil
O presidente Jair Bolsonaro chegou a dizer que o governo não se manifestaria sobre o assunto por não ter o “poderio bélico” dos Estados Unidos. “Eu não tenho o poderio bélico que o americano tem para opinar neste momento. Se tivesse, eu opinaria”, afirmou o presidente.
Depois, o Itamaraty divulgou uma nota na qual afirmou que apoia a “luta contra o flagelo do terrorismo”. “Ao tomar conhecimento das ações conduzidas pelos EUA nos últimos dias no Iraque, o governo brasileiro manifesta seu apoio à luta contra o flagelo do terrorismo e reitera que essa luta requer a cooperação de toda a comunidade internacional sem que se busque qualquer justificativa ou relativização para o terrorismo”, diz nota divulgada pelo Itamaraty na sexta (3).
O ataque
O bombardeio americano teve como alvo um comboio de veículos dentro do perímetro no Aeroporto Internacional de Bagdá e matou pelo menos sete pessoas, de acordo com fontes das forças de segurança iraquianas. Entre as vítimas, está Abu Mahdi al-Muhandis, chefe das Forças de Mobilização Popular do Iraque, milícia apoiada pelo Irã.
Os dois serão enterrados no sábado. Iraque e Irã decretaram três dias de luto.
A embaixada dos Estados Unidos em Bagdá recomendou a seus cidadãos que deixem o Iraque “imediatamente”.
Fonte: G1.