As situações de perseguição no mundo apresentam uma realidade bastante complexa. Às vezes, apenas viver em determinado local resulta em desafios para os cristãos. Por isso a Lista Mundial da Perseguição (LMP) é organizada todos os anos, para deixar mais claro como a perseguição aos cristãos se dá no mundo. A metodologia usa um questionário simplificado, enviado a especialistas da área, a fim de ter uma prévia dos países com mais perseguição.
Depois disso, uma pesquisa global sobre a perseguição é realizada. Nela, especialistas analisam e comentam as questões. Além disso, são utilizadas ferramentas de estudo de vulnerabilidade, usadas para estudar situações voláteis e ter noção das ameaças ou riscos aos quais os cristãos estão sujeitos.
Também há um questionário completo, do qual a equipe de campo da Portas Abertas fica encarregada para coletar informações sobre como os cristãos são perseguidos por causa da fé. O questionário contém 84 questões, divididas em 6 blocos, sendo eles vida privada, família, comunidade, nação, igreja e violência. Um bloco adicional traz mais 16 perguntas para contextualizar as informações. Uma escala de 0 a 100 pontos caracteriza o nível de perseguição por país. Aqueles que pontuam entre 81 e 100 a perseguição é considerada extrema; entre 61 e 80, severa; e de 41 a 60, alta. A partir disso, o Top 50 é formado, revelando os países onde é mais difícil viver a fé cristã.
Os que mais subiram
Em 2020, o país que mais subiu posições foi o Sri Lanka. Do 46º lugar ele foi para 30º, subindo 16 posições. A grande responsável por esse aumento foi a violência, por conta dos cristãos mortos pela fé nos ataques do domingo de Páscoa. No dia 21 de abril de 2019, homens-bomba islâmicos atacaram três igrejas e três hotéis de luxo em Colombo, Negombo e na cidade de Batticaloa. O tempo dos ataques coincidiu com os cultos de Páscoa das igrejas. No total, 259 pessoas morreram, a maioria delas cristãs, fazendo desse um dos maiores ataques terroristas coordenados desde o 11 de setembro. Tais ataques suicidas não têm precedentes no Sri Lanka.
O Catar teve um aumento de 11 colocações, passando da 38ª para a 27ª. Isso porque houve um número mais alto de incidentes violentos relatados e mais pressão em algumas esferas da vida. Apesar disso, incidentes violentos contra cristãos raramente são relatados. O país é bem policiado e em geral pacífico. No entanto, há incidentes em que os trabalhadores migrantes cristãos são alvo. Provavelmente os casos não são relatados porque não é do interesse de ninguém divulgar detalhes publicamente. A vítima deseja manter o emprego e os outros envolvidos não estão interessados em registrar tais ocorrências. Além disso, às vezes é difícil discernir se os maus-tratos são devidos à fé cristã. No entanto, em geral, supõe-se que a fé de trabalhadores migrantes não muçulmanos, incluindo cristãos, leve a uma vulnerabilidade extra.
Já Bangladesh, subiu 10 posições, saindo da 48ª colocação para a 38ª. Isso reflete em parte uma situação que só pode ser descrita como tensa para a minoria cristã, ainda mais para os cristãos ex-muçulmanos ou ex-hindus. Outra razão é a melhoria nos relatórios das áreas tribais. O acesso ainda é limitado, mas foram obtidas mais informações de cristãos nessas áreas durante o período de pesquisa. A minoria cristã em geral continua a enfrentar discriminação, negligência e violência. Não houve assassinatos de cristãos no período da LMP 2020, mas várias ameaças de morte foram feitas contra membros de igrejas. Além disso, vários cristãos foram detidos pela polícia, muitos sob a alegação de “conversão ilegal”.
O Marrocos passou de 35º para 26º, subindo 9 posições. A principal razão para o aumento é o número de incidentes violentos relatados. Além disso, diversos convertidos do islamismo para o cristianismo foram detidos e interrogados por serviços de segurança sobre a posse de Bíblias, assim como contatos com cristãos estrangeiros. Entre as situações ocorridas, cristãos ex-muçulmanos são com frequência vítimas de abuso físico e sexual nas mãos de parentes distantes. Cristãs ex-muçulmanas são forçadas a se casar com muçulmanos, propriedades de igrejas são vandalizadas e ex-muçulmanos têm suas casas destruídas pelos familiares.
Na América Latina, a Colômbia subiu 6 lugares em sua colocação, saindo da 47ª posição para 41ª. Os fatores mais significativos para isso foram a presença do Exército de Libertação Nacional (ELN) e o reagrupamento das FARC junto à presença de outros grupos criminosos em um contexto sociopolítico instável que causou pressão e destruição. Líderes de igrejas estão sendo ameaçados, assediados, extorquidos e até mesmo mortos como resultado da violência cometida por guerrilhas ou outros grupos criminosos. Na maioria dos casos, essa violência é resultado direto de cristãos que trabalham pela defesa dos direitos humanos, com jovens e que estão envolvidos em qualquer atividade que diz respeito à implementação do acordo de paz. Se isso compromete as atividades ilegais dos grupos, especialmente nas áreas mais negligenciadas do país, eles são perseguidos.
Os que mais caíram
Agora entre os países que caíram posições, o que teve a maior queda foi a Indonésia, saindo do 30º lugar para o 49º, totalizando 19 lugares. Essa diminuição é principalmente devido ao fato de que, no último período de análise, nenhum ataque suicida a igrejas cristãs ocorreu, embora ataques tenham sido impedidos, de acordo com as autoridades. Isso resultou em uma queda na violência. Apesar disso, a pressão aos cristãos se tornou ligeiramente mais forte em todas as esferas da vida e para todos os tipos de cristãos.
A segunda maior queda foi do Butão, que desceu 12 posições, passando de 33º para 45º. Isso foi causado parcialmente devido à ausência de relatos de incidentes violentos. No entanto, a pressão permanece muito alta em praticamente todas as esferas da vida, refletindo as contínuas dificuldades enfrentadas pelos cristãos convertidos do budismo ou das religiões étnico-animistas. Eles não são reconhecidos na sociedade e, portanto, negligenciados, sendo frequentemente evitados por colegas agricultores e tendo documentos oficiais negados pelas autoridades. As crianças cristãs também enfrentam discriminação na escola.
A Etiópia saiu do 28º lugar para 39º, uma queda de 11 posições. A diferença se deve sobretudo a uma redução na violência. Também houve uma pequena queda na pressão, o que tem a ver com uma variedade de fatores, inclusive o fato de que o governo não é mais tão restritivo quanto antes e a situação na sociedade tende a ser baseada na etnia e não na fé, mesmo que às vezes esses fatores se sobreponham.
A Turquia desceu dez posições, passando do 26º para o 36º lugar. Embora a pressão sobre os cristãos tenha aumentado, a queda na classificação foi causada por uma diminuição acentuada na violência. Houve um número menor de ataques a igrejas. Apesar disso, há mais suspeita em relação aos cristãos, dificultando a divulgação pública do evangelho e resultando em altos níveis de oposição social. Na Turquia, o islã é totalmente misturado ao nacionalismo.
Agora que você tem mais informações sobre as mudanças, aproveite a oportunidade para orar por cada um desses países. Para entender mais sobre como a Lista Mundial da Perseguição é definida, clique aqui. Você também pode conferir todos os países e classificações da LMP 2020.