Em meio a uma crise sanitária causada pelo novo coronavírus, a zona central do Chile experimenta os fluxos dos rios em baixas históricas e reservatórios secos.
“Hoje existem mais de 400.000 famílias, cerca de 1,5 milhão de pessoas, cujo fornecimento de 50 litros de água por dia depende de caminhões-tanque“, disse o porta-voz do Movimento de Defesa do Acesso à Água e Proteção ambiental e ambiental (Modatima), Rodrigo Mundaca, à agência de notícias francesa AFP.
Em todo o país existem rios, lagos e reservatórios com vazões reduzidas. Nas regiões de Santiago (capital), Valparaíso (oeste) e Coquimbo (centro-norte), as chuvas acumuladas no ano passado caíram entre 80% e 90%, criando dificuldades para a higiene dos habitantes durante a luta contra a nova pandemia de coronavírus, chamada COVID-19.
Nessa situação, os caminhões-tanque percorrem as áreas diariamente para abastecer muitas casas, cujos habitantes a armazenam em tambores, o que levanta suspeitas de que exista um modelo de apropriação privada desse recurso.
A gestão da água é um dos grandes desafios no Chile. Embora a legislação chilena considere a água como um bem para uso público, no entanto, concede quase toda a exploração ao setor privado.
Na cidade de El Melón, com 22.000 habitantes, perto da cidade de Valparaíso, a seca levou seus habitantes a ocupar ilegalmente um poço administrado pela multinacional mineradora Anglo American, que explora cobre no Chile. O movimento Modatima busca garantir que a água seja usada no abastecimento da área e não na mineração.
O diretor do Greenpeace Chile afirmou que o governo do presidente Sebastián Piñera deve “garantir que não haja cidadãos de segunda classe que não possuam as coisas mais básicas para se proteger do COVID-19”, denunciando que milhares de pessoas não têm água suficiente para lavar as mãos.
O novo coronavírus, detectado pela primeira vez em dezembro de 2019 na cidade chinesa de Wuhan, se espalhou para mais de 195 países em todo o mundo e, de acordo com os números mais recentes, deixou 4815 infectados e 37 mortos no Chile.