Em um país pobre como o Afeganistão, medidas para conter uma pandemia como a atual são extremamente necessárias devido à vulnerabilidade da população, embora também possam gerar consequências que agravam ainda mais a situação dos habitantes se não forem tomadas medidas para combatê-las.
A ONG Save the Children publicou um relatório sobre este país, que sofreu uma longa guerra desde a invasão dos EUA em 2001, que garante que um terço da população, incluindo 7,3 milhões de crianças, enfrentará escassez de alimentos em maio, como conseqüência das medidas adotadas para enfrentar a pandemia de covid-19.
O texto detalha que somente em abril o preço da farinha de trigo e do óleo de cozinha aumentou em até 23%. Além disso, o custo do arroz, açúcar e legumes aumentou entre 7 e 12%, de acordo com o Programa Mundial de Alimentos.
No entanto, há outro fator que influencia negativamente a capacidade de alimentar uma proporção significativa de afegãos. Como o trabalho informal diminuiu devido a restrições, muitas famílias não têm dinheiro disponível para comprar comida.
Chá e pão seco para sobreviver
Mustafa tem 13 anos e vive em uma província no norte do Afeganistão com sua mãe e quatro irmãos. Save the Children forneceu a ele uma quantia em dinheiro para que eles possam sobreviver.
O menino confessa que eles comem uma ou duas vezes por dia e que a mãe só pode lhes dar chá com pão seco.
Timothy Bishop é diretor nacional da ONG internacional no Afeganistão e afirmou que “para muitos afegãos, o maior impacto da pandemia não será o próprio vírus, mas a fome causada pelas medidas de fechamento e um colapso nas linhas de suprimento. Enfrentamos o risco real de que as crianças passem fome. O que precisamos é que a comunidade internacional envie urgentemente suprimentos de comida para distribuir a algumas das comunidades mais vulneráveis do país”, afirmou.
Até agora, a covid-19 no Afeganistão já gerou mais de 2.100 infectados e 64 mortes.