Hoje, no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, há uma reflexão sobre a importância de veicular notícias de interesse dos cidadãos sem que exista uma interferência e punição do Estado aos que tornam as informações públicas. Em países onde há paranoia ditatorial, os líderes detêm o poder sobre a população e também sobre a imprensa. Nesse contexto, também existe a intolerância religiosa, pois o Estado não aceita que exista uma devoção a outro, apenas aos governantes. Cuba é um bom exemplo de falta de liberdade de imprensa e de expressão.
Alguns líderes cristãos cubanos receberam com alegria o convite para gravarem mensagens de Páscoa para serem veiculadas pelo Instituto Cubano de Rádio e Televisão (ICRT). Cada pastor poderia dar um recado individual para a população celebrando o domingo de Páscoa. Porém, na noite programada para transmitir as mensagens, apenas o reverendo Antonio Santana discursou. Ele é presidente do Conselho de Igrejas de Cuba (CIC), oficialmente apoiado pelo governo cubano.
Desconfiados, mas prontos para fazer a diferença
O convite sobre as mensagens de Páscoa foi recebido com estranhamento, mas os participantes decidiram aproveitar a oportunidade para fazer o nome de Jesus conhecido nacionalmente. “Esta é a primeira vez que esse tipo de convite acontece desde o início da Revolução, em 1959”, testemunhou o pastor Noel Nieto, da Liga Evangélica de Cuba. Durante três dias no início de abril, cinco líderes cristãos registraram as respectivas mensagens de esperança e ressurreição com a ajuda de uma equipe de voluntários cristãos e supervisão de um funcionário do ICRT.
Um dos voluntários foi Sandy Cancino, que usou a experiência de produtora para trabalhar nesta missão. “Ofereci-me com um grupo de jovens da minha igreja. Pareceu-me estranho, mas se existe algo que os cristãos têm em abundância é o otimismo”, disse Cancino ao jornal virtual Protestante Digital. A cristã acredita que o período foi uma oportunidade de mostrar a vocação em servir em meio à pandemia da COVID-19.
A notícia sobre as mensagens cristãs foi recebida com entusiasmo nas redes sociais de diversos pastores independentes do governo. Já que era a concretização de um pedido feito há anos às autoridades cubanas. Porém, a mesma autonomia dos líderes cristãos foi o motivo que os deixou de fora da ação governamental. “O governo censurou esses pastores por uma série de artigos que eles escreveram criticando o conteúdo da nova Constituição aprovada recentemente em Cuba”, confirmou o jornalista independente Yoe Suárez ao site de notícias CubaTrendings.
Apesar de muitos pastores se sentirem desrespeitados pela censura, ainda existe esperança de que as mensagens canceladas sejam propagadas. “Esperamos, e é nossa oração, desejo e pedido, que os programas sejam vistos por todos, e também que outros espaços se abram para a mensagem de esperança, paz e salvação de Jesus”, concluiu o pastor David Moreno.