O autor do livro “Rage” (“Raiva”) diz que a administração Trump planejou seriamente bombardear o país asiático em 2017, em meio a tensões sérias entre os dois países.
Em 2017, a administração Trump estava ponderando um ataque em grande escala contra o país asiático em caso de guerra, afirma o jornalista Bob Woodward em seu recente livro “Rage”.
O autor especificou que se tratava do plano OPLAN 5027, que se destinava a “mudar o regime” na Coreia do Norte e foi “cuidadosamente revisto e examinado” pelo Comando Estratégico em Omaha. Segundo Woodward, seria “uma resposta dos EUA a um ataque que poderia incluir o uso de 80 armas nucleares”.
Em uma entrevista à rádio NPR, Woodward disse que com este ataque o OPLAN 5027 pretendia decapitar o governo de Kim Jong-un. O jornalista salientou que a Coreia do Norte é “uma nação pária” que “provavelmente tem duas dezenas de armas nucleares bem escondidas”.
Ele também revelou que o então secretário de Defesa dos EUA, James Mattis, estava tão preocupado com a possibilidade de ordenar um ataque nuclear contra a Coreia do Norte que até dormia em seu traje esportivo. Além disso, ele tinha luzes de alarme instaladas em seu quarto, banheiro e cozinha que se acenderiam no caso de um lançamento nuclear por Pyongyang, diz o livro de Bob Woodward.
“Ninguém tem o direito de incinerar milhões de pessoas”, mas foi isso que ele teve que enfrentar, conta Woodward citando a fala de Mattis na ocasião.
O carro de Mattis era sempre acompanhado por um todo-terreno leve com uma equipe para traçar a rota de voo de qualquer míssil que ameaçasse o Japão, a Coreia do Sul ou os EUA. Se o secretário o considerasse hostil, ele podia ordenar que fosse abatido.
Em seu livro, Woodward mencionou um caso que ocorreu em agosto de 2017, quando a inteligência informou que a Coreia do Norte estava pronta para lançar um míssil. Naquele momento, Mattis estava em casa e entrou na sala de comunicações, onde foi informado que os Estados Unidos tinham seus mísseis interceptores prontos. O então secretário de Defesa monitorou a rota do míssil norte-coreano em um mapa geoespacial.
Planos de Washington contra Pyongyang
Segundo o portal The Drive, em 2017, em meio às tensões entre Washington e Pyongyang depois de vários testes de mísseis realizados pela Coreia do Norte, havia um plano do Comando Estratégico dos EUA, denominado OPLAN 8010, que incluía a possibilidade de um ataque nuclear contra vários países não identificados “que representam ameaças globais”.
Outra opção era o chamado OPLAN 5015, um ataque nuclear com o objetivo de derrubar o governo de Kim Jong-un, também mencionado no livro de Woodward.
Em uma entrevista ao jornalista norte-americano, Trump declarou que Kim Jong-un “estava totalmente preparado” para uma guerra com os EUA, e admitiu que um conflito em grande escala entre os dois países “estava mais próximo do que alguém poderia imaginar”.
O presidente enfatizou que as tensões diminuíram após a primeira cúpula entre os líderes dos dois Estados em Singapura, em junho de 2018.
Em 15 de setembro, comentando as declarações do livro, a agência Reuters citou um funcionário presidencial da Coreia do Sul dizendo que um bombardeamento nuclear contra a Coreia do Norte seria sempre realizado em cooperação com Seul.
Segundo os funcionários citados, o autor do livro parece estar confundido, pois o OPLAN 5027 foi desenhado para mapear os planos de destacamento de tropas e os principais alvos, e não para conduzir uma guerra nuclear.
Pyongyang tem mostrado indícios de estar melhorando seus sistemas de entrega de armas nucleares. Além disso, autoridades sul-coreanas informaram que a Coreia do Norte pode estar se preparando para testar um novo míssil balístico lançado por submarinos.