Nas primeiras horas de domingo, as hostilidades eclodiram na frente entre a Armênia e o Azerbaijão. Os combates, que acontecem com artilharia, tanques, aviação e outros tipos de armamento, já resultaram em perdas entre militares e civis dos dois lados. De acordo com o Azerbaijão, o conflito foi desencadeado por militares armênios que atacaram posições do Exército e assentamentos no lado azerbaijano da fronteira.
Por sua vez, as autoridades armênias afirmam que foi o Azerbaijão que iniciou os combates e culpam o país vizinho por planejar a operação há algum tempo. A autoproclamada república de Nagorno Karabakh, com fortes laços com a Armênia e reivindicada pelo Azerbaijão, foi a primeira a declarar estado de guerra e apelar à mobilização geral.
O primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinián, declarou neste domingo estado de guerra e mobilização geral.
“Agora, por decisão do Governo, a lei marcial e uma mobilização geral são declaradas na República da Armênia. A decisão entrará em vigor a partir do momento de sua publicação. Exorto o pessoal designado para as tropas a se apresentarem às suas comissões militares territoriais”, escreveu o presidente em sua página no Facebook.
Várias horas após o anúncio de Pashinián, o governo da Armênia autorizou a mobilização e especificou que se aplica a reservistas de até 55 anos de idade.
Cerca de uma hora antes, medidas semelhantes foram tomadas pelas autoridades de Nagorno Karabakh, uma região reivindicada pelo Azerbaijão que funciona “de fato” como um estado independente com fortes laços com a Armênia. O presidente daquela autoproclamada república, Arayik Harutiunián, afirmou que Nagorno Karabakh não quer a guerra, mas está pronto para ela e culpou o líder azerbaijano, Ilhan Aliyev, pela possível “devastadora catástrofe humanitária na região”.
Por sua vez, o comando militar do Azerbaijão destacou que o país não precisa de mobilização, já que as Forças Armadas do Azerbaijão contam com efetivos suficientes.
As declarações de Pashinyan e Harutiunyan foram feitas depois que o Azerbaijão anunciou no domingo uma contra-ofensiva “na linha de frente” com a Armênia em resposta a um ataque feito por ela.
Depois do meio-dia, o ministro da Defesa do Azerbaijão, Zakir Hasanov, anunciou que suas tropas dominaram a linha de defesa armênia e tomaram sete aldeias perto da linha de contato. Por sua vez, os militares armênios alegaram que suas tropas impedem o avanço do inimigo e já destruíram quatro helicópteros, 15 drones e 10 tanques do país vizinho. A porta-voz do Ministério da Defesa da Armênia, Shushan Stepanián, classificou as declarações do Azerbaijão sobre a conquista das cidades fronteiriças “não condizentes com a realidade”. “É mais uma provocação informativa da máquina de propaganda do Azerbaijão”, escreveu Stepanián no Twitter.
O Ministério da Defesa da Armênia publicou no domingo as imagens da destruição dos tanques do Azerbaijão pelas forças do país.
Enquanto isso, surgiram imagens nas redes sociais de suprimentos armênios se movendo em direção à fronteira com o Azerbaijão.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia exortou a Armênia e o Azerbaijão a se absterem de qualquer ação militar.
Por sua vez, a Turquia expressou seu apoio ao Azerbaijão e acusou a Armênia de iniciar o conflito.
“Condenamos veementemente o ataque armênio, que é uma clara violação da lei internacional e causou vítimas civis”, disse o Ministério das Relações Exteriores turco em um comunicado citado por Anadolu, acrescentando que apoiará o Azerbaijão “por todos os meios”.
- A recente escalada na fronteira Armênia-Azerbaijão eclodiu em 12 de julho, quando os dois lados se acusaram de ataques e provocações mútuas.
- Os confrontos causaram baixas em ambos os lados: o Azerbaijão confirmou a morte de 12 militares, incluindo um general, enquanto a Armênia relatou a morte de quatro soldados e pelo menos 20 feridos.
- Ambas as partes se acusam mutuamente de atacar cidades civis na fronteira e, ao mesmo tempo, negam ter feito isso.