As negociações com a Rússia sobre a extensão do Novo START estão paradas e, para pressionar Moscou, Washington ordena aos militares avaliação sobre reforço de ogivas nucleares.
Como as negociações sobre a extensão do Novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Novo START) entre os EUA e a Rússia permanecem em um impasse, o governo Trump pediu aos militares que avaliassem com que rapidez poderiam retirar armas nucleares do armazenamento e carregá-las em bombardeiros e submarinos se o tratado realmente expirar em fevereiro, revelaram três fontes ao portal Politico.
O pedido ao Comando Estratégico dos EUA é parte de uma estratégia para pressionar Moscou a renegociar o Novo START antes das eleições presidencial dos EUA em 3 de novembro, garantiram as fontes.
“É um sinal claro de que os custos por não negociar antes das eleições vão subir […] [Os EUA estão] tentando criar um incentivo, e é um incentivo real, para os russos se sentarem e realmente negociarem”, afirmou uma das fontes à mídia.
A avaliação determinará quanto tempo levaria para carregar armas nucleares agora guardadas em bombardeiros de longo alcance, submarinos de mísseis balísticos e silos baseados em terra para fortalecer a força nuclear dos EUA no caso de a Rússia aumentar seu arsenal.
Aposta arriscada
Ex-oficiais do controle de armas, militares e políticos consideram que a mudança pode ser uma jogada arriscada. Isso poderia enviar uma mensagem de que o governo Trump, que já cancelou dois outros tratados nucleares com a Rússia, não está mais interessado em quaisquer limites para os maiores arsenais do mundo. E pode incitar os russos a tomar medidas semelhantes.
“É muito estúpido […]. Não faz absolutamente nenhum sentido ameaçar fazer essa escalada. Torna-se um ponto de alavancagem válido apenas se o outro lado não puder fazer isso. Os russos também podem fazer isso”, comenta um ex-oficial de controle de armas do Partido Republicano que não quis ser identificado porque ainda assessora o governo Trump.
“Mas o mais importante […], os sistemas que implantamos hoje são aqueles que acreditamos serem necessários para fornecer um impedimento adequado. Não há razão óbvia e todas as razões para não o fazer na ausência de uma mudança na ameaça. Isso não vai assustar os russos. A probabilidade de sucesso com os russos é quase nula”, acrescenta a mesma fonte.
O Novo START é o último acordo de controle de armas em vigor entre Moscou e Washington após o colapso do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário. Sob o acordo, que foi assinado em 2010, os EUA e a Rússia concordaram em reduzir o número de mísseis nucleares estratégicos pela metade e limitar o número de ogivas nucleares estratégicas a 1.550 cada. O tratado termina em 5 de fevereiro de 2021.