EUA e aliados europeus tentaram repetidamente forçar o Irã a desacelerar ou interromper a modernização contínua de seus mísseis. Teerã insiste que o arsenal é legal e se destina exclusivamente a dissuadir potenciais inimigos.
O Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica do Irã (IRGC, na sigla em inglês) revelou nesta quarta-feira (4) um novo sistema de lançamento e transporte rápido automatizado para seus mísseis balísticos de longo alcance, informa a agência Mehr.
O sistema, apresentado durante cerimônia exibida pela emissora da República Islâmica do Irã, é baseado em ferrovias e parece ser capaz de transportar simultaneamente até quatro mísseis de longo alcance através dos complexos subterrâneos secretos da “cidade de mísseis” do Irã, cuja existência foi revelada ao mundo no início deste ano.
“Nosso poderio de mísseis garante a retirada dos inimigos porque tal poderio assustará nossos inimigos”, afirmou o major-general Hossein Salami, comandante do IRGC.
O comandante acrescentou que as capacidades de dissuasão e defesa do Irã dão a Teerã o poder de demonstrar sua vontade política e de “impô-la ao inimigo, se necessário”.
A República Islâmica possui “o maior e mais diversificado arsenal de mísseis do Oriente Médio”, com um estoque consistindo em “milhares de mísseis balísticos e de cruzeiro, alguns capazes de atingir tão longe como Israel e sudeste da Europa”, garante o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, com sede em Washington, EUA.
Pressão dos EUA e da UE
Os aliados europeus de Washington criticam repetidamente o Irã por sua capacidade de mísseis balísticos e, ocasionalmente, procuraram vincular a questão ao acordo nuclear de 2015, que comprometeu Teerã a não investir em armas nucleares. No início deste ano, a França repreendeu Teerã, sugerindo que os foguetes e atividades de mísseis iranianos “prejudicam a estabilidade regional e afetam a segurança europeia”.
O Irã tem resistido à pressão diplomática dos EUA e da Europa para congelar ou reduzir suas capacidades de mísseis, citando a necessidade de ser capaz de se defender contra a agressão na ausência de outro meio de dissuasão e insistindo que seus programas de mísseis não estavam de forma alguma conectados a nenhum programa de armas nucleares.
As autoridades iranianas também enfatizam repetidamente que Teerã “continuaria resolutamente suas atividades relacionadas com mísseis balísticos e veículos lançadores espaciais”, de acordo com os “direitos inerentes sob a lei internacional” da República Islâmica.