O Irã retomou o enriquecimento de urânio a 20% em sua instalação nuclear subterrânea de Fordow, declarou o porta-voz do governo iraniano Ali Rabeie, citado pela agência Mehr.
A notícia surgiu pouco depois de a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) ter anunciado que Teerã lhe enviou uma carta sobre planos de aumento da produção de energia nuclear “de acordo com uma lei aprovada recentemente pelo Parlamento iraniano”.
Aprovada em dezembro, a lei autoriza a produção anual de, pelo menos, 120 quilos de urânio enriquecido a 20%, muito acima dos valores estabelecidos pelo acordo nuclear.
A medida iraniana corresponde a mais uma “violação” do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), isto é, o acordo internacional sobre a eliminação das reservas iranianas de urânio enriquecido, que fixava o limite máximo para enriquecimento de urânio em 3,67%. Os EUA saíram unilateralmente do acordo em 2018 e, um ano depois, Teerã extrapolou o limite, deixando o nível de enriquecimento estável em 4,5% desde então.
Além disso, a lei prevê o uso de centrífugas de nova geração: mil centrífugas IR-2M e pelo menos 174 centrífugas IR-6, mas, segundo o acordo nuclear, o Irã pode utilizar só centrífugas de primeira geração IR-1.
O aumento da produção nuclear foi concretizado após 30 de novembro, quando no Irã foi assassinado o principal cientista nuclear do país Mohsen Fakhrizadeh. O chanceler da nação persa, Javad Zarif, qualificou o ataque como “covarde ato terrorista”, e o vinculou a uma conspiração dos EUA, Israel e Arábia Saudita.
Em resposta, em 3 de dezembro, o Conselho dos Guardiães do Irã aprovou uma lei que obriga o governo a elevar o enriquecimento de urânio a 20%.
Segundo o último comunicado da AIEA sobre Verificação e Vigilância no Irã, a nação persa conta com reservas de urânio enriquecido de quase 2.459 quilos, o que implica um aumento de 337,5 quilos em relação ao relatório trimestral anterior.