Diplomatas de Teerã afirmaram que foram apresentadas sete pré-condições à nova administração dos EUA para que o Irã retome as conversas sobre o seu programa nuclear, afirmou fonte ao jornal Al-Jarida.
Um funcionário do governo iraniano afirmou ao jornal que os contatos informais com a nova administração americana se iniciaram ainda antes da posse de Joe Biden, e seguem decorrendo, ainda que não oficialmente.
De acordo com o Al-Jarida, o embaixador iraniano nas Nações Unidas, Majid Takht Rawanji, foi chamado a Teerã para organizar os contatos com a nova administração em Washington, antes de retornar a Nova York com sete condições para que o Irã retome as conversas sobre seu programa nuclear.
A primeira condição seria que o Irã não aceitará a redução parcial das sanções, já que Teerã considera o Plano de Ação Conjunta Global (JCPOA, na sigla em inglês) indivisível.
Além disso, o Irã vai reafirmar suas exigências para que os EUA mantenham todos os aspectos do Plano de Ação, incluindo o levantamento total das sanções, uma pré-condição essencial para retornar ao acordo.
A segunda condição é que qualquer divergência sobre os acordos deve ser discutida no quadro dos comitês oficiais de negociação. Uma destas divergências antecipadas é que Teerã exige a compensação por perdas financeiras provocadas pela saída da administração Trump do acordo, particularmente o impacto financeiro das sanções.
A terceira condição, de acordo com relatos, é que Teerã não vai aprovar a utilização dos termos do acordo nuclear para abordar outras questões, como o seu programa de mísseis e atividades no exterior.
Já a quarta condição indica que não será permitida a entrada de novos países-membros no acordo, além dos existentes P5+1, incluindo qualquer país do golfo Árabe.
A quinta condição seria que as preocupações com outros Estados regionais devem ser discutidas como um assunto à parte, e não incluídas nas negociações sobre enriquecimento nuclear.
Apesar de não estar disposto a discutir seu sistema de mísseis, na sexta condição, o Irã considera aceitável falar sobre o controle de armas a nível regional, com supervisão das Nações Unidas, expressando particularmente sua preocupação com os mísseis de Israel e o estoque nuclear mantido ilegalmente.
Finalmente, o Irã não vai permitir uma solução de dois Estados para Israel e Palestina, e ao invés disso, exige um referendo da ONU, incluindo nele os judeus israelenses e palestinos sobre a questão da “terra”.
O presidente iraniano, Hassan Rouhani, vai enviar estas condições diretamente à administração Biden, segundo a fonte.
Recentemente, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, instou o recém-empossado presidente dos EUA Joe Biden a “escolher um caminho melhor” do que seu antecessor e a retornar ao acordo nuclear de 2015, antes que a oportunidade desapareça. Ele também afirmou que Washington deve começar “removendo incondicionalmente todas as sanções impostas, reimpostas ou renomeadas” por Trump, e neste caso, o Irã reverteria as medidas tomadas desde que os EUA se retiraram do acordo, em 2018.
Antes da eleição, Biden expressou abertamente seu desejo de retornar ao acordo, enquanto Israel afirmou que um retorno ao acordo deve incluir novas restrições ao programa de mísseis balísticos do Irã, alegando suposto apoio às atividades terroristas internacionais.
Em 2018, os EUA saíram unilateralmente do acordo nuclear, voltando a impor sanções ao Irã, às quais este último respondeu abandonando gradualmente seus próprios compromissos estipulados no acordo.
Em 2015 o Irã, China, França, Alemanha, Rússia, Reino Unido, Estados Unidos e União Europeia assinaram o Plano de Ação Conjunta Global (JCPOA, na sigla em inglês), estipulando o cancelamento das sanções internacionais aplicadas a Teerã em troca da redução do programa nuclear iraniano. O acordo foi consagrado na Resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU.