Putin alerta que o mundo corre o risco de cair em uma instabilidade maior semelhante à dos anos 1930, que foi o prólogo da Segunda Guerra Mundial.
O presidente russo, Vladimir Putin, alertou na quarta-feira que o mundo está se aproximando rapidamente na direção de uma maior instabilidade, já que a nova pandemia de coronavírus, que causa o COVID-19, está combinada com rivalidades globais e outras tensões.
Falando por teleconferência em uma reunião do Fórum Econômico Mundial em Davos (Suíça), Putin mencionou a crescente desigualdade, o desemprego e o aumento do populismo como potenciais faíscas de novos conflitos que podem mergulhar o mundo em uma era de escuridão.
“A pandemia exacerbou os problemas e desequilíbrios que vêm se acumulando“, disse o líder russo, acrescentando que “as instituições internacionais estão se enfraquecendo, os conflitos gerais se multiplicam e a segurança global se degradando“.
Por outro lado, Putin elogiou a decisão da Rússia e dos EUA de estender seu último pacto de controle de armas nucleares, denominado Tratado de Redução de Armas Estratégicas, também conhecido como Novo START ou START III, mas advertiu que as tensões crescentes continuarão a situação anterior à Segunda Guerra Mundial.
“Eu sinceramente espero que um conflito global tão ‘quente’ seja impossível agora. Significaria o fim da civilização”, disse o líder russo e pediu aos líderes mundiais que sejam vigilantes para que a situação não saia do controle.
Para Putin, existe o perigo real de que o mundo enfrente a destruição dos valores tradicionais básicos, que de alguma forma influenciam a ordem mundial, enquanto alguns tentam buscar inimigos internos e externos para justificar suas políticas geoestratégicas.
Depois de atribuir o agravamento da situação econômica global a um modelo econômico liberal ocidental, o presidente russo garantiu que essa situação fomenta “a intolerância social, racial e étnica com tensões explodindo até mesmo em países com instituições democráticas e civis estabelecidas”.
Também destacou que tem havido “pressões cada vez mais agressivas sobre os países que não aceitam o papel de satélites complacentes, o uso de barreiras comerciais, sanções ilegítimas, restrições nas esferas financeira, tecnológica e de informação”.
As relações entre a Rússia e o Ocidente caíram para seus níveis mais baixos após a Guerra Fria. Moscou e os países ocidentais ainda não conseguiram superar as tensões que surgiram após a crise na Ucrânia e a anexação da Crimeia à Rússia em um referendo não reconhecido internacionalmente. Como medidas de pressão, os EUA e a União Europeia (UE) impuseram uma série de sanções a funcionários, empresas e setores econômicos russos.