As prioridades dos EUA no Oriente Médio deverão se alterar sob a administração Biden, com o foco mudando ligeiramente de Israel para o Irã.
Segundo David Miller, um ex-analista do Oriente Médio no Departamento de Estado, “tanto com Israel quanto com a Arábia Saudita, relações que Trump basicamente decidiu reabilitar após Obama, você tem uma administração Biden que está preparada para se distanciar um pouco mais, embora não em proporções simétricas”, escreveu ele, citado pelo The Times of Israel.
De igual modo, a questão da Palestina não será a principal prioridade da nova administração, conforme se depreende de um tweet de Miller em resposta à promessa do Departamento de Estado de atender à segurança de Israel.
Continuaremos a defender o forte compromisso do presidente Biden com Israel e sua segurança, incluindo as ações de opositores que buscam visar Israel de forma injusta.
A Administração Biden não deixou dúvidas sobre sua reação à decisão do TPI (Tribunal Penal Internacional) em investigar crimes de guerra israelenses e palestinos. Com o Irã sendo uma das principais prioridades e não a questão palestina, e enfrentando o maior desafio doméstico desde FDR [Franklin D. Roosevelt], Biden sabiamente disse não a isso.
Miller também sublinhou que Biden poderia estar esperando até os resultados da eleição em Israel – a quarta em dois anos – na qual existe a possibilidade de o atual primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ser substituído, segundo a mídia israelense.
Durante seu primeiro discurso sobre política externa na quinta-feira (4), Biden falou sobre “revitalizar” as alianças dos EUA, embora os laços com Israel não tenham sido mencionados. Além disso, Biden ainda não entrou em contato com Netanyahu por meio de uma conversa telefônica oficial.
Biden menciona ter falado com nossos “amigos mais próximos” – a Grã-Bretanha; Canadá; Alemanha; França; Austrália; OTAN; Coreia do Sul; México; Japão. Em um sinal claro e intencional, Biden omite Israel.
No que toca ao Irã, o analista indica que Washington poderia estar sinalizando que não está “correndo atrás de Teerã”.
Anteriormente, Biden prometeu fazer os EUA retornarem ao acordo nuclear de 2015 com Teerã, o qual Trump abandonou unilateralmente em 2018, restabelecendo sanções severas contra Teerã como parte de uma “campanha de pressão máxima”.
Neste sábado (6), o ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohammad Javad Zarif, advertiu que Washington não tem muito tempo para dar passos positivos em direção ao retorno ao Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês). Ao mesmo tempo, o ministro observou que não via necessidade de iniciar negociações diretas entre Irã e os EUA para discutir o assunto.
Por fim, Zarif também descartou qualquer revisão do acordo original, insistindo que Washington remova, em primeiro lugar, suas sanções.