França, Alemanha e Reino Unido expressaram na sexta-feira sua “séria preocupação” com a produção de urânio metálico pelo Irã, que, segundo governos europeus, viola o Plano de Ação Conjunta Abrangente (JCPOA) de 2015.
“Relembrando nossa declaração de 16 de janeiro, reiteramos que o Irã não tem uma justificativa civil confiável para essas atividades, que são um passo fundamental no desenvolvimento de uma arma nuclear”, diz a declaração conjunta.
No início desta semana, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que o Irã produziu 3,6 gramas de urânio metálico em uma fábrica de placas de combustível localizada na cidade de Isfahan. Esse tipo de material pode ser usado para a produção de armas nucleares.
De acordo com o relatório da AIEA, Teerã planejava realizar uma investigação sobre a produção de urânio metálico a partir de urânio natural antes de passar a criar urânio metálico enriquecido a 20%, nível que agora atingiu, coleta a Reuters. Para desenvolver armas nucleares, é necessário um nível de 90%.
Os governos francês, alemão e britânico lembraram que, sob o acordo nuclear de 2015, “o Irã se comprometeu a não se envolver na produção ou aquisição de metal de urânio ou conduzir pesquisa e desenvolvimento em metalurgia de urânio por 15 anos.” Nesse sentido, os países europeus instaram “firmemente” a Teerã a “interromper imediatamente essas atividades e não adotar novas medidas que violem seu programa nuclear”.
“Ao intensificar o seu não cumprimento, o Irã está minando a oportunidade de uma diplomacia renovada para atingir plenamente os objetivos do JCPOA”, concluiu o comunicado.
Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Javad Zarif, declarou quinta-feira que é o governo Biden que deve cumprir o JCPOA. “Os EUA se retiraram em maio de 2018, violaram o JCPOA e puniram quem cumpriu a resolução da ONU. Até hoje, os EUA continuam exatamente na mesma posição. Antes de gritar, cumpra”, escreveu Zarif em sua conta no Twitter.
Em meados de janeiro, a AIEA informou que o Irã o havia notificado de que havia começado a instalar equipamentos para a produção de urânio metálico, acrescentando que Teerã mantém seus planos de conduzir pesquisa e desenvolvimento em sua produção como parte de seu “objetivo declarado de projetar um tipo de combustível melhorado.” Anteriormente, o Irã também negou que estava procurando desenvolver armas nucleares e disse que só quer usar a energia nuclear para fins pacíficos.
- O JCPOA foi assinado em 2015 por Teerã e o Grupo 5 + 1 (Reino Unido, China, França, Rússia, EUA e Alemanha) e prevê o levantamento de uma série de sanções contra o Irã em troca de seu compromisso de não desenvolver nem adquirir armas nucleares.
- O pacto limita a 3,67% a pureza físsil com que o Irã pode refinar urânio. No entanto, Teerã começou a aumentar o enriquecimento de urânio além desse limite depois que o ex-presidente Donald Trump retirou os Estados Unidos do acordo em 2018 e impôs sanções ao país. O governo Biden expressou sua disposição de retornar ao acordo, embora insista que o Irã deve primeiro retomar o cumprimento total.