A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) está “profundamente preocupada” com a possível presença de matéria nuclear secreta em um laboratório iraniano não declarado, de acordo com um relatório consultado nesta terça-feira (23) pela AFP em Viena.
A agência da ONU também observou que o Irã tem estoques de urânio enriquecido 14 vezes acima do limite autorizado pelo acordo nuclear de 2015, segundo o mesmo relatório que será discutido pelo Conselho de Governadores da AIEA nesta quarta-feira.
A AIEA já havia apontado a presença desse laboratório não declarado no distrito de Turquzabad, em Teerã, em seu relatório de novembro, no qual considerava as explicações da República Islâmica “não confiáveis”.
“A presença de partículas de urânio antropogênico (gerados pela atividade humana) não declaradas pelo Irã reflete claramente a presença de matéria nuclear e/ou equipamentos contaminados por matéria nuclear neste local”, informou a agência.
“Passados 18 meses, o Irã continua não dando as explicações necessárias, completas e tecnicamente críveis”, acrescenta a AIEA, cujo relatório ressalta que seu diretor, o argentino Rafael Grossi, está “preocupado com a falta de avanços” neste assunto.
A revelação desse relatório ocorre em um momento de tensão entre o Irã e os países ocidentais, depois que uma lei entrou em vigor na República Islâmica nesta terça-feira, limitando as inspeções da agência da ONU.
A AIEA também alerta que o Irã acumulou até hoje 2.967,8 kg de urânio enriquecido, enquanto o limite estabelecido pelo pacto de 2015 é de 202,8 kg.
As autoridades iranianas começaram a desconsiderar as obrigações do acordo nuclear em 2019, um ano após a saída unilateral dos Estados Unidos e o retorno das sanções a esse país no Oriente Médio.
Em janeiro, Teerã anunciou que iria enriquecer urânio em até 20%, marcando assim seu maior descumprimento do acordo.
E um mês depois começou a produzir urânio metálico, material que pode ser usado na fabricação de armas nucleares.
Apesar de ter negado em diversas ocasiões, as autoridades iranianas são acusadas de querer se munir de uma bomba atômica, principalmente por causa de Israel, seu arqui-inimigo.
Fonte: AFP.