A Rússia aumentou o tom nesta sexta-feira (9) e ameaçou a Ucrânia caso o plano do presidente Volodymyr Zelensky de colocar o país na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) siga adiante.
“Nós soubemos da declaração de Zelensky, que ontem visitou o Donbass e disse que a adesão do país à Otan teria ajudado a por fim ao conflito na região. Todavia, contrariamente às expectativas de Kiev, a potencial adesão à Otan não apenas não trará paz à Ucrânia mas, ao contrário, levará a um aumento na escala de tensão no sudeste, causando, talvez, consequências irreversíveis para a manutenção do Estado ucraniano”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Moscou, Maria Zakharova.
A referência à região do Donbass é porque a área vive em um conflito com grupos separatistas pró-Rússia desde o fim de 2013, quando o território ucraniano da Crimeia também “lutou” pela separação com apoio de Moscou. Pouco depois, a área foi anexada pelos russos, mas a primeira luta ainda está em andamento.
Quem também falou sobre a tensão na fronteira e voltou a criticar os governos ocidentais por seus comentários sobre a movimentação de tropas próxima ao território ucraniano foi o porta-voz do presidente Vladimir Putin, Dmitri Peskov.
Falando sobre a conversa por telefone de Putin com a chanceler alemã, Angela Merkel, nesta quinta-feira (8), Peskov informou que o mandatário “deu as explicações necessárias” sobre as ações militares.
“Somos livres para mudar as nossas Forças Armadas, qualquer unidade no território russo, com nossa decisão. Nesse momento, infelizmente, a Ucrânia está se transformando novamente em uma região potencialmente muito instável e, naturalmente, qualquer país que está na fronteira de uma região instável, perigosa e explosiva, adota medidas necessárias para garantir a própria segurança”, disse ainda conforme a “Interfax”.
De acordo com Peskov, os russos “estão diante de atos provocatórios ao longo da linha de contato” e que foram as “forças armadas da Ucrânia que tomaram um percurso de aumento de atos provocatórios – e continuam nessa política”.
“Essas provocações tendem a se intensificar. Tudo isso está criando uma potencial ameaça para o reinício de uma guerra civil na Ucrânia”, pontuou.
Mostrando como o assunto está presente no atual momento político russo, o vice-ministro das Relações Exteriores, Alexander Grushko, também se manifestou, mas, dessa vez, atacando os países-membros da Otan.
“Estamos preocupados por termos observado um aumento na atividade dos Estados não costeiros do Mar Negro. O número de entradas de países da Otan e a duração da presença de navios de guerra aumentou”, afirmou Grushko comentando a notícia de que os Estados Unidos notificaram a Turquia sobre a passagem de dois navios de guerras pelo Bósforo com destino ao Mar Negro.
A questão do mar é muito importante para os russos, já que esse acesso foi um dos principais motivos que fizeram Moscou apoiar as lutas separatistas.
E, por conta de toda essa situação tensa, a Alemanha e a França – os países ocidentais responsáveis por intermediar os acordos de trégua entre as áreas separatistas da Ucrânia, Kiev e Moscou – estão negociando uma possível reunião trilateral com Zelensky para tentar acalmar os ânimos e buscar uma solução não bélica para a área. .
Fonte: ANSA.