Apesar da explosão na usina de Natanz, que Teerã chamou de “terrorismo nuclear” de Israel, um enviado iraniano afirmou que suas máquinas estão sendo substituídas por outras mais avançadas.
Kazem Gharib Abadi, embaixador do Irã nas Nações Unidas em Viena, Áustria, disse na segunda-feira (12) que o ataque à usina de enriquecimento de combustível Natanz resultaria apenas na substituição das centrífugas de urânio antigas por centrífugas mais novas e avançadas.
O enriquecimento em Natanz não está parado. O Irã reagirá, inclusive planejando implementar várias medidas técnicas das quais a Agência [Internacional de Energia Atômica, AIEA] será informada nesta semana. O processo de substituição das centrífugas danificadas, inclusive com as mesmas máquinas com mais capacidade, foi imediatamente iniciado.
“Em um futuro próximo, a instalação de Natanz será equipada com centrífugas de nova geração”, declarou na terça-feira (13) Mohammad Javad Zarif, ministro das Relações Exteriores do Irã, em coletiva de imprensa após reunião com seu homólogo russo Sergei Lavrov.
No domingo (11), uma explosão fora da usina de Natanz desligou temporariamente a energia elétrica da instalação, que produz urânio enriquecido para fins medicinais e geração de energia. Teerã denunciou o incidente como “terrorismo nuclear”, e culpou Israel, que em resposta reafirmou seu suposto direito de atacar o Irã por “autodefesa”.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano identificou as centrífugas danificadas como IR-1, as mais antigas desse tipo em uso no Irã. De acordo com o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), o Irã só está autorizado a operar as lentas IR-1 em Natanz, e somente acima do solo, onde são mais vulneráveis a ataques.
No entanto, em março, a AIEA anunciou que o Irã começou a usar centrífugas IR-4 mais avançadas em Natanz, que são quatro vezes mais eficientes do que as IR-1, e que elas foram movidas para o subsolo.
Natanz foi atacada anteriormente em julho de 2020 em um aparente incidente de sabotagem que destruiu uma oficina de centrífugas acima do solo.
Não está claro que tipo de centrífuga substituirá as IR-1 danificadas, mas o dia anterior ao ataque (10) mais recente foi o Dia Nacional da Tecnologia Nuclear do Irã, quando Hassan Rouhani, presidente do Irã, anunciou que 164 centrífugas IR-6 tinham sido colocadas em serviço em Natanz, com outras 30 iniciando o processo de preparação.
O ataque ocorreu em meio a negociações em Viena, Áustria, que têm o objetivo de reviver o acordo nuclear, que os EUA deixaram em 2018 em meio a reivindicações não fundamentadas de que o Irã o estava violando. Depois que os EUA reimpuseram sanções econômicas ao Irã e forçaram seus aliados a cumprir, Teerã começou a se afastar dos termos do acordo, que impunha limites estritos à sua produção de urânio e uma renúncia à busca de armas nucleares.