Neste sábado (24), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tornou-se o primeiro mandatário da Casa Branca a reconhecer oficialmente o genocídio armênio, que vitimou cerca de 1,5 milhão no início do século XX.
O reconhecimento oficial do genocídio armênio ocorre na data em que são lembrados os 106 anos do massacre imposto pelo Império Otomano e já havia sido adiantado pela mídia norte-americana na quarta-feira (21).
“A partir de 24 de abril de 1915, com a prisão de intelectuais armênios e líderes comunitários em Constantinopla pelas autoridades otomanas, um milhão e meio de armênios foram deportados, massacrados ou marcharam para a morte em uma campanha de extermínio. Honramos as vítimas do Meds Yeghern para que os horrores do que aconteceu nunca se percam na história”, disse Biden através de comunicado da Casa Branca, neste sábado (24).
O comunicado oficial classifica o massacre de armênios como genocídio em dois momentos.
“O povo norte-americano honra todos os armênios que morreram no genocídio que teve início há 106 anos”, aponta.
Com o reconhecimento oficial, Biden respondeu a pressões do Congresso, que já vinha se movimentando para persuadir o presidente norte-americano a dar reconhecer o genocídio armênio. O democrata já havia classificado o massacre como genocídio durante a campanha presidencial, em 2020.
O primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pashinyan, agradeceu aos EUA pelo reconhecimento e lembrou que o Congresso norte-americano já havia adotado resoluções nesse sentido.
Turquia chama ato de ‘oportunismo político’
O reconhecimento oficial do genocídio armênio por parte da Casa Branca gerou reações na Turquia, cujo Ministério das Relações Exteriores já havia alertado sobre as consequências negativas da medida para as relações bilaterais entre os países.
O chanceler turco, Mevlut Cavusoglu, publicou uma declaração nas redes sociais pouco depois do comunicado de Biden, que classificou como “oportunismo político”.
Em comunicado oficial, a chancelaria turca também afirmou que as palavras de Biden não são baseadas em evidências e defendeu que o “eventos de 1915” não podem ser classificados como genocídio.
“Está claro que o dito comunicado não tem base legal e acadêmica, nem é baseado em evidências. Em relação aos eventos de 1915, nenhuma condição requerida para o uso do termo ‘genocídio’, estritamente definido pela lei internacional, foi encontrada”, sustentou o Ministério das Relações Exteriores da Turquia.