O dia de ontem foi marcado pela ascensão de perto de 1.700 judeus ao Monte do Templo, em plena liberdade e segurança, apesar das pedras arremessadas inicialmente por jovens árabes a partir da mesquita de al-Aqsa. O primeiro-ministro Naftali Bennett afirmou a liberdade de culto para que judeus e muçulmanos possam orar no Monte, ainda que o atual status quo impeça os judeus de orar, apenas visitar o local.
O elevado número de judeus que ali subiram durante o dia de ontem teve a ver com a celebração do dia de Tisha Be’Av, lembrando as grandes tragédias ocorridas ao povo judeu, como a destruição dos dois Templos de Jerusalém, a expulsão dos judeus da Inglaterra e da Espanha e ainda outros acontecimentos funestos. A polícia israelita teve de conter a fúria dos palestinos, e ainda que não entrando na mesquita, conseguiu parar com o arremesso de pedras.
Quem não gostou desta história foram os jordanianos, que logo enviaram uma carta oficial de protesto contra “as violações israelitas” no Monte do Templo, incluindo “a invasão do recinto sagrado por colonos extremistas sob a proteção da polícia israelita.” O porta-voz do ministério das Relações Exteriores da Jordânia afirmou: “As ações israelitas contra a mesquita são rejeitadas e condenadas, e representam uma violação do status quo legal e histórico, da lei internacional, e das obrigações de Israel como potência ocupante em Jerusalém oriental.”
É importante ressaltar que para os muçulmanos, todo o recinto é classificado como “mesquita sagrada”, pelo que mesmo não se entrando na mesquita e apenas passeando pela esplanada é para eles considerado como estar na mesquita. É interessante que, quando tantas vezes se veem por ali garotos a jogar à bola isso não seja motivo de preocupação para eles…Isso, apesar de ainda ontem o porta-voz jordano afirmar que o espaço inteiro do Monte do Templo “é um lugar de culto unicamente para muçulmanos”…
Entretanto, o rei Abdullah viajou para Washington, onde se irá reunir ainda hoje com o presidente norte-americano Joe Biden, constituindo o primeiro encontro oficial entre o presidente e um líder árabe.
Para o partido árabe muçulmano Ra’am presente no parlamento israelita, “os muçulmanos têm um direito exclusivo à mesquita de al-Aqsa e mais ninguém tem qualquer direito sobre a mesma.” Ontem mesmo, o partido emitiu uma declaração dirigida aos fiéis muçulmanos, contra “um grande número de colonos que têm estado a invadir e a violar a santidade da bendita mesquita de al-Aqsa desde as horas da manhã.”
“Isto poderá provocar eventos violentos e inflamar a situação em Jerusalém e em toda a região, numa forma que poderá conduzir a uma devastadora guerra religiosa, especialmente quando dirigentes e deputados têm permissão para invadir a al-Aqsa, realizar orações e cerimónias religiosas, e ler o hino nacional (israelita) Hatikva” – acrescentou a declaração.
Mahmoud al-Habash, conselheiro para os assuntos religiosos do presidente da Autoridade Palestiniana Mahmoud Abbas, e que é também o juíz do tribunal supremo da Sharia (lei islâmica), acusou também Israel de estar a trabalhar para dividir o lugar sagrado no tempo e no espaço entre fiéis muçulmanos e judeus: “Essas tentativas não terão sucesso. O nosso povo não irá aceitar qualquer tentativa para alterar o estatuto histórico do lugar sagrado. O estado ocupante não tem qualquer direito religioso, histórico ou legal sobre qualquer centímetro da Jerusalém ocupada e da bendita mesquita de al-Aqsa.” O conselheiro palestino apelou ainda à comunidade internacional e ao Conselho de Segurança da ONU para que imponham sanções a Israel pelos seus “crimes contra a cidade de Jerusalém, e em particular contra a contínua agressão à mesquita de al-Aqsa.”
Para além das condenações por parte da Autoridade Palestina, juntaram-se ao coro o Hamas, o Irã, o Kuwait, e, como não poderia deixar de ser, o presidente turco Recep Erdogan, que se pronunciou desta forma através das viciosas declarações do seu ministro para as Relações Exteriores: “Condenamos mais uma vez as forças israelitas que violaram a santidade do Haram al-Sharif (nome dado ao Monte do Templo pelos muçulmanos), ao permitirem que grupos racistas judeus invadissem a mesquita de al-Aqsa, interceptando fiéis civis palestinos com granadas de efeito moral e a detenção de alguns civis palestinianos, incluindo crianças e mulheres, com imagens de ofensa à dignidade humana.”
Claro que esta viciosa acusação turca passa por cima das pedradas originadas pelos palestinianos a partir do “lugar sagrado”, e que obrigaram à intervenção da polícia israelita…
REAÇÕES ISRAELITAS
Ayala Ben-Gvir, esposa do deputado ativista da extrema direita Itamar Ben-Gvir, do partido Otzma Yehudit, subiu com centenas de judeus para orar no Monte do Templo, afirmou que “é importante não apenas sentar-se e chorar, mas aparecer e subir ao Monte do Templo. Nós não estamos em exílio. Temos de pensar como melhorar e agir pela soberania e pelas visitas de judeus a este lugar sagrado.” E acrescentou: “Quem controlar o Monte do Templo controla a Terra de Israel na sua inteireza, e é assim que iremos trabalhar para o controle deste santo e importante lugar.”
A verdade é esta: a subida de judeus para visitar e até orar no Monte do Templo é mais do que um direito. É até um dever de todo o judeu. E é sem dúvida o espaço mais sagrado para o judaísmo, tendo em conta que ali mesmo foram erigidos os dois grandes templos.
Portanto, as visitas de ontem não constituem qualquer tipo de “invasão”, mas sim um direito histórico e religioso de um povo a quem foram roubados os seus mais sagrados espaços.
O gabinete do primeiro-ministro Bennett emitiu esta manhã uma declaração a partir da qual afirma a continuação do status quo no Monte: “Não há mudança no status quo. Há uma continuidade do atual governo das políticas do anterior governo referentes ao Monte do Templo.”
Por “status quo”, entenda-se: o direito aos muçulmanos a poderem rezar e fazer o que quiserem no recinto, ao mesmo tempo que aos judeus são proibidas as orações…
Mesmo assim, desde 2019 que pequenos grupos de judeus religiosos se têm deslocado ao recinto para realizarem caminhadas de oração silenciosa…
Profeticamente, aquele recinto será o palco do último grande conflito entre as forças do bem e do mal, com a vitória do Rei Jesus que, descendo dos céus com os Seus exércitos, derrotará o Anticristo e seus lacaios, expulsando os exércitos das nações que ali se reunirão para destruir Israel, e instaurando ali mesmo o Seu governo milenar, centralizado no Templo que ali será erigido para Glória de Deus e cumprimento das profecias milenares de Ezequiel e Zacarias. Por aí se pode entender a atual disputa e antagonismo islâmico em relação aos direitos dos judeus de orarem no seu lugar mais sagrado…