Ministro das Relações Exteriores da China disse à sua homóloga britânica que a aliança com os EUA e a Austrália pode “desencadear uma corrida armamentista e provocar confrontos”.
O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, alertou o Reino Unido para ser cauteloso sobre a nova aliança AUKUS, com a Austrália e os EUA, que permitirá que Camberra adquirir submarinos movidos a energia nuclear.
“A criação de um novo bloco militar na região vai desencadear uma corrida armamentista, provocar confrontos entre grandes potências e minar a paz e a estabilidade regionais […]. O lado chinês se opõe a este acordo e exorta o lado britânico a prosseguir com [o princípio de] salvaguardar o sistema de não proliferação nuclear, manejá-lo com cautela e pensar duas vezes”, disse Wang durante ligação com a chanceler britânica Liz Truss na sexta-feira (22), citado pelo jornal The South China Morning Post.
Wang disse ainda que o acordo vai permitir que pela primeira vez um país com armas nucleares transferira um submarino com propulsão nuclear para um outro país sem armas nucleares, fornecendo urânio altamente enriquecido, acrescentando:
“Como não está sujeito à supervisão e verificação internacional, está fadado a representar um sério risco de proliferação nuclear. A China expressa sérias preocupações sobre o estabelecimento de uma parceria tripartida de segurança entre os EUA, o Reino Unido e a Austrália e o desenvolvimento da cooperação de submarinos nucleares.”
Wang disse que a China e o Reino Unido devem administrar adequadamente suas diferenças para garantir o desenvolvimento saudável de suas relações bilaterais.
A Malásia e a Indonésia afirmaram anteriormente que estão “preocupadas e apreensivas” com a possibilidade de a AUKUS levar a uma corrida armamentista no Sudeste Asiático.
Dependência da China
A ligação telefônica entre Wang Yi e Liz Truss ocorre dias após a chanceler britânica afirmar que o Reino Unido não deve se tornar “dependente” da China, ressaltando que a infraestrutura nacional crítica, como usinas nucleares, deve ser construída apenas com parceiros “com ideias semelhantes”.
“Eu diria que, claro, fazemos negócios com a China. É um importante parceiro comercial do Reino Unido. Mas é importante não nos tornarmos estrategicamente dependentes”, comentou Truss.
Em entrevista ao jornal The Daily Telegraph, a chanceler britânica indicou que as empresas controladas por Pequim deveriam ser excluídas dos contratos para construir a usina nuclear Sizewell C, dizendo que o trabalho conjunto em projetos sensíveis deveria ser feito apenas com nações que têm “vínculo de confiança” com o Reino Unido.