Arqueólogos revelaram como o exército do rei Senaqueribe construiu uma rampa de cerco maciça que lhes permitiu conquistar a cidade há quase três milênios.
Há cerca de 2.700 anos, o rei assírio Senaqueribe conquistou a cidade judaica de Laquis em uma das batalhas melhor documentadas da história antiga, como descrito na Bíblia, em registros assírios e até mesmo em obras de arte que sobreviveram até hoje.
Um grupo de arqueólogos americanos e israelenses agora lançou mais luz sobre essa guerra dramática, descrevendo em particular como as tropas conquistadoras construíram a rampa de cerco para capturar a cidade. Os resultados de seu estudo, que combinou a análise de fontes bíblicas e históricas com a pesquisa dos restos arqueológicos, foram recentemente publicados na revista Oxford Journal of Archaeology.
Entre os principais autores do estudo estão o professor Yosef Garfinkel e dra. Madeleine Mumcuoglu, do Instituto de Arqueologia da Universidade Hebraica de Jerusalém, e os professores Jon W. Carroll e Michael Pytlik da Universidade Oakland, nos EUA, cujo trabalho foi destacado hoje (9) pela Universidade Hebraica, segundo escreveu o The Times of Israel.
O estudo concluiu que os assírios, chefiados pelo rei Senaqueribe, muito provavelmente recolheram três milhões de pedras de uma pedreira perto da cidade, que se localizava no topo de uma colina com vista para a planície da Judeia. Em um processo excepcionalmente ordenado, o exército construiu uma enorme rampa que permitiu transportar os aríetes até as defesas da cidade, quebrando as muralhas e resultando na completa destruição de Laquis.
A rampa em Laquis é a maior rampa de cerco do Oriente Médio e a única estrutura assíria deste tipo que sobreviveu.
Conforme os cálculos, a rampa foi feita de pedras com cerca de 6,5 kg cada uma. Para obter tal quantidade de pedras em um curto período de tempo, o exército provavelmente extraiu-as de um local o mais próximo possível da extremidade inferior da rampa.
“Em Laquis, há de fato um penhasco exposto de rocha local exatamente no ponto onde se esperaria que estivesse”, contou Garfinkel.
As pedras teriam sido transportadas por chamadas correntes humanas, passado de homem para homem à mão. Com quatro cadeias humanas trabalhando em paralelo, em turnos de 24 horas, os pesquisadores calcularam que diariamente cerca de 160.000 pedras teriam sido transportadas e colocadas, possivelmente concluindo a construção em apenas 25 dias.
Na fase final, foram colocadas vigas de madeira em cima das pedras, onde máquinas de guerra (aríetes), pesando até uma tonelada, foram posicionadas.
Por meio de um enorme tronco de madeira com uma ponta de metal golpearam as muralhas, balançando o tronco para a frente e para trás, como um pêndulo. Os autores sugerem que o tronco era suspenso por correntes de metal, em vez de cordas que rapidamente se desgastam.
Apoiando esta teoria, os arqueólogos contaram ter encontrado uma corrente de ferro no topo da rampa.