Reino Unido, França, EUA, Itália, Espanha e Grécia participaram de exercícios navais, envolvendo 6.000 militares da Aliança Atlântica, para combater a “marcha forçada” das marinhas da Rússia e da China.
As marinhas do Reino Unido e da França conduziram exercícios navais conjuntos durante 16 dias para combater “ameaças compostas”, entendidas como a Rússia e a China, relatou no domingo (5) o jornal The Guardian.
O exercício, chamado de Polaris 21, envolveu esses dois países, apesar da possibilidade de tensões após o incidente com o acordo AUKUS, que cancelou um contrato de fornecimento de submarinos da França à Austrália e o substituiu por uma oferta dos EUA e do Reino Unido à nação da Oceania.
“Existem laços inextricáveis entre os franceses e o Reino Unido, e há muitos oficiais de intercâmbio como eu trabalhando com os militares do outro. Todas essas relações são realizadas no dia a dia em um nível pessoal e não houve mudanças”, comentou o capitão-tenente Duncan Abbott, o único oficial da Marinha Real britânica a bordo do porta-aviões francês Charles de Gaulle.
Também houve participação de mais quatro Estados-membros da OTAN, os EUA, Itália, Espanha e Grécia, com um total de 6.000 efetivos militares, tornando o Polaris 21 “um dos maiores exercícios navais internacionais de todos os tempos”.
Pierre Vandier, comandante naval sênior da França, anunciou à tripulação do Charles de Gaulle e a jornalistas que os principais desafios de segurança nacional hoje incluem “submarinos, ataques cibernéticos, ataques espaciais e uma própria guerra naval”, e apontou como ameaças principais a “marcha forçada” de certas marinhas para se expandirem, como a Rússia no mar Mediterrâneo, apesar de não a mencionar por nome, e a China no oceano Pacífico.
“Hoje estamos vendo o crescimento de marinhas para duas ou três vezes do que eram antes. Temos visto o triplicar da Marinha chinesa em dez anos, pelo que agora ultrapassa a Marinha dos EUA”, disse, instando à expansão da atividade militar pelos países da OTAN, pois “não podemos ser apanhados de surpresa, temos de provar nossa credibilidade”.
As manobras militares tiveram a participação de 24 navios de guerra dos seis países da OTAN, incluindo metade da Marinha francesa, e também forças terrestres e aéreas do país europeu.
Os desafios treinados incluíram um apagão de comunicação por satélite e desligar os celulares de todos os militares para evitar detecção pelo inimigo convencional. “Os rastros digitais que deixamos são ferramentas para os combatentes [inimigos]“, notou Vandier.
Além disso, os aviões militares receberam ordens frequentes para decolar sem aviso, e foi dada uma missão para resgatar um piloto de caça ejetado de território inimigo. O exercício foi descrito como tendo decorrido “em uma grande área e por muito tempo”, para simular situações de combate real.
Antes, em junho, o Charles de Gaulle e o porta-aviões britânico HMS Queen Elizabeth conduziram o exercício Gallic Strike no oeste do Mediterrâneo para aprimorar a cooperação entre as marinhas dos dois países.