Ninguém poderá se dizer surpreso se de fato ocorrer um conflito entre a Rússia e a Ucrânia em 2022: líderes dos Estados Unidos, Reino Unido, União Europeia e da própria Ucrânia têm alertado que os russos podem invadir território ucraniano mais uma vez.
A Rússia está posicionando seu exército perto da fronteira com a Ucrânia de forma que possa agir de forma abrangente, disse William Burns, o chefe da CIA, o serviço de inteligência dos Estados Unidos.
Uma eventual invasão pode ocorrer no fim de janeiro, de acordo com o ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksiy Reznikov.
Essa não seria a primeira invasão: em 2014, a Rússia tomou a região ucraniana da Crimeia.
Neste fim de ano, os russos têm feito exercícios militares perto da fronteira, o que aumenta as especulações sobre a possibilidade de uma invasão.
- O governo da Ucrânia afirma que a Rússia enviou tanques e equipamentos de guerra para a região onde separatistas lutam contra as forças ucranianas;
- A Rússia deslocou cerca de 90 mil militares para a região da Crimeia, que os russos invadiramp em 2014. Esse número pode dobrar rapidamente. No Natal, a Rússia anunciou que mais de 10 mil soldados concluíram os exercícios.
Por que a Rússia tem pretensões na região?
Há, para os russos, uma questão étnica: a Ucrânia é uma região importante para o sentimento de nação russa. A região onde houve a federação que ficou conhecida como Kievan Rus, o berço da nação eslava, fica na Ucrânia, diz Danielle Makio, pesquisadora da Unesp.
Há também uma questão de geografia: a Ucrânia permitiria um acesso mais fácil para a Russia acessar o Mar Negro, que é importante para rotas marítimas comerciais (o Mar Negro dá acesso ao Mediterrâneo, por exemplo).
Além disso, a Ucrânia está entre a Europa Ocidental e a Rússia, e para os russos é importante ter uma região de “tampão”, que eventualmente garanta uma defesa de uma entrada ofensiva, diz Makio.
A Rússia diz que está livre para mover suas forças em seu território da maneira que achar conveniente e nega que esteja planejando um ataque em grande escala.
E agora?
O governo da Ucrânia está preparando seus reservistas para um conflito.
Uma invasão sempre estará no horizonte, mas a chance da Rússia de fato invadir a Ucrânia nos próximos meses é pequena, afirma Danielle Makio, a pesquisadora da Unesp.
“Não vejo a Rússia como um país que teria condições de sustentar uma invasão. Depois de entrar em um país, é preciso se garantir lá. Isso é muito custoso, tanto em termos financeiros como políticos”, diz ela.
A Rússia já enfrentou um boicote do Ocidente por ter invadido uma parte da Ucrânia em 2014, a Crimeia. Desde então, há conflitos de separatistas de uma região no leste da Ucrânia, o Donbass. O governo do país acusa a Rússia de apoiar esses separatistas. Os confrontos já deixaram mais de 13 mil mortos.
No entanto, diz Makio, havia outras questões em jogo na época (ela cita, por exemplo, o acordo nuclear com o Irã), que fizeram com que os países do Ocidente (principalmente os EUA) não respondessem com mais firmeza.
Fonte: G1.