Teerã marcou o segundo aniversário do assassinato do comandante da Força Quds do IRGC, Qassem Soleimani, na semana passada. O general foi morto em um ataque de drone em janeiro de 2020. O Irã respondeu lançando mais de uma dúzia de mísseis em duas bases dos EUA no Iraque.
O Irã exerceu apenas “parte” das medidas de retaliação que planeja realizar em resposta ao assassinato de Qassem Soleimani, alertou o comandante-chefe do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês), Hossein Salami.
“Executamos parte da dura vingança, e outra parte ainda falta. Todo mundo está definitivamente ciente disso. As autoridades dos EUA devem ter em mente que é impossível realizar um ato de agressão a uma nação e evitar uma vingança recíproca”, disse Salami, falando em uma cerimônia em Teerã, citado por Tasnim e PressTV.
Caracterizando o ataque de mísseis de 8 de janeiro às bases dos EUA no Iraque como um “tapa na cara dos Estados Unidos, que se consideraram o imperador do mundo e não pararam de fazer ameaças de retaliações olho por olho“, Salami enfatizou que o ataque provou as capacidades militares do Irã em um amplo teatro.
O comandante da Guarda Revolucionária criticou Washington pela audácia do assassinato, dizendo que, ao contrário dos EUA, o Irã “não assassinou um comandante indefeso e desarmado, que lutava contra o terrorismo em todo o mundo muçulmano e viajou para o Iraque a um convite oficial, com um drone na calada da noite”.
O Irã marcou o segundo aniversário do assassinato de Qassem Soleimani no dia 3 de janeiro. Durante as duas décadas em que serviu como comandante da Força Quds da Guarda Revolucionária – a força de combate extraterritorial de elite do Irã – Soleimani auxiliou as forças militares iraquianas e sírias, milícias iraquianas e até forças curdas apoiadas pelos EUA na luta contra o Daesh, Al-Qaeda (organizações terroristas proibidas na Rússia e em vários outros países) e outros jihadistas. Nos anos 2000, a Força Quds de Soleimani prestou apoio à milícia libanesa do Hezbollah na Guerra Israel-Líbano de 2006.
No domingo (9), a República Islâmica impôs sanções a 51 americanos, incluindo funcionários atuais e ex-funcionários, visando a todos, desde generais do Pentágono a atuais e ex-espiões e conselheiros de segurança e ao ex-presidente Donald Trump. O próprio Trump, assim como o ex-secretário de Estado Mike Pompeo, o ex-conselheiro de Segurança Nacional John Bolton e a ex-diretora da CIA Gina Haspel, foram designados anteriormente em sanções conhecidas como “Lei de Combate a Violações de Direitos Humanos e Ações Aventureiras e Terroristas dos Estados Unidos da América na Região”.
Tribunais iranianos e iraquianos ameaçaram repetidamente processar Trump e outros pelo assassinato de Soleimani. A Interpol se recusou a tocar no caso, citando sua natureza “política”.
A morte de Soleimani continua ressoando nas mentes de muitos iranianos e do povo do Oriente Médio, em parte porque ele era visto como estando além do sistema de governo republicano islâmico do Irã e, como foi recentemente descrito pelo presidente Ebrahim Raisi, como alguém “pertencente a nenhum agrupamento político”. As atividades antiterroristas de Soleimani, disse Raisi, ajudaram a salvar muçulmanos xiitas e sunitas, cristãos, yazidis e todos os seguidores das religiões abraâmicas em todo o Oriente Médio do flagelo do extremismo islâmico.