Quase 500 mil pessoas foram mortas em 11 anos da guerra na Síria – mais precisamente, 499.657 vítimas identificadas -, informou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, uma ONG que atua ativamente no conflito. Se forem consideradas os óbitos não identificados, ou seja, não possíveis de confirmar de maneira independente, o número sobe para 610 mil.
O dia 15 de março de 2011 é considerado o “primeiro” do conflito armado no país.
Conforme a ONG, 160.681 vítimas são civis e 25 mil delas eram crianças ou adolescentes. Além das mortes provocadas por ataques aéreos feitos pelo governo sírio e russo, que são a maioria, 4.563 civis foram assassinados pelos terroristas do grupo Estado Islâmico, 2.676 por mísseis disparados pela coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos e 2.320 em ações de grupos armados contra o regime do presidente Bashar al-Assad.
Já 49.359 pessoas foram mortas nos presídios sírios – acusados constantemente de violar direitos humanos dos detidos que se opõem ao regime. Outras 52.508 morreram em bombardeios do governo contra áreas controladas por grupos armados contra o Assad e 26.403 morreram em bombardeios do governo sírio em outros locais. Já os ataques feitos pela Rússia mataram 8.683 pessoas.
Um dado que mostra a amplitude e a gravidade desses 11 anos de guerra na Síria é que 60% da população do país passa fome de maneira constante, alertou a ONG Oxfam. A maior parte dos alimentos, que dobrou de preço no último ano, vem da Rússia e com o atual conflito na Ucrânia, há o temor que haja mais escassez e mais alta nos preços.
Além dos que passam fome, 90% dos entrevistados pela ONG disseram que se alimentam apenas de pão e arroz, consumindo legumes ou verduras muito raramente.
A ONG afirma que “com um sistema econômico já reduzido ao mínimo com mais de uma década de guerra, dois anos de pandemia e da crise bancária libanesa, as sanções contra a Rússia nesse momento tem um efeito intenso, provocando a interrupção da importação de comida e combustível, com a esterlina síria desvalorizando a uma velocidade vertiginosa”.
O consultor de políticas para emergências humanitárias da Oxfam Itália, Paolo Pezzati, afirmou que a pesquisa realizada com 300 pessoas que moram em áreas controladas pelo governo mostra que “seis em cada 10 sírios não sabem verdadeiramente como procurar alimentos”.
“Na área ao redor de Damasco, as pessoas ficam horas e horas nas filas para o pão enquanto as crianças procuram qualquer coisa para comer no lixo. Para sobreviver, muitas famílias estão se endividando ou decidem mandar os filhos menores trabalhar, racionando o número de refeições. Para ter uma boca a menos para alimentar, muitos até arranjam casamentos para as filhas menores”, relata Pezzati.
Para o representante na Itália, “são esses os efeitos de um conflito esquecido em um país que tem 90% da população vivendo abaixo da linha da pobreza, a taxa de desemprego chegou a 60% e o salário mínimo mensal no setor público é de US$ 26 (R$ 133,64)”.
Fonte: ANSA.