Na última sexta-feira (15), confrontos entre palestinos e forças de segurança israelenses dentro e fora da Mesquita de Al-Aqsa em Jerusalém deixaram cerca de 170 feridos, com o Irã prometendo apoio a todos os muçulmanos “em sua batalha contra as potências opressoras”.
Em discurso televisionado nesta segunda-feira (18), o presidente do Irã, Ibrahim Raisi, garantiu que as Forças Armadas iranianas vão ter como alvo o “coração” de Israel se o país fizer o “menor movimento” contra sua nação.
“Se vocês fizerem o menor movimento contra nossa nação […] o destino de nossas Forças Armadas será o coração do regime sionista”, disse Raisi.
O presidente iraniano fez a declaração contundente quando as negociações sobre o renascimento do Plano de Ação Abrangente Conjunto (JCPOA, na sigla em inglês), também conhecido como acordo nuclear do Irã, foram interrompidas nas últimas semanas.
Em maio de 2018, os Estados Unidos se retiraram do JCPOA, que proporcionou um alívio nas sanções a Teerã em troca de restrições ao seu programa nuclear. O acordo também havia assegurado que o Irã não produziria armas nucleares – algo que sempre negou tentar alcançar. O então presidente norte-americano, Donald Trump, prometeu que negociaria um acordo melhor. No entanto, o presidente Joe Biden, ao assumir o cargo, procurou retornar ao acordo nuclear.
Assim, o Irã está em negociações diretas e indiretas com França, Alemanha, União Europeia (UE), Rússia e China na capital austríaca, Viena, há um ano. O objetivo das negociações seria ver Washington retornar ao acordo nuclear, inclusive por meio do levantamento das sanções contra o Irã, enquanto Teerã cumpriria integralmente suas obrigações.
As negociações estão paralisadas desde o final de março, com a exigência de Teerã de que o Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês), o ramo de elite das Forças Armadas do Irã, seja removido de uma lista de terroristas dos EUA, supostamente um dos principais pontos de discórdia.
Teerã também pediu a Washington que descongele ativos iranianos presos em bancos estrangeiros como um gesto de boa vontade.
Em 8 de abril, o Departamento de Estado dos EUA anunciou que o governo Biden havia decidido não remover o ramo militar de elite iraniano da lista de organizações terroristas.
Ao longo das difíceis negociações para reviver o JCPOA, Israel se opôs veementemente ao acordo, com autoridades israelenses se comprometendo a fazer unilateralmente o que for necessário para proteger seu país.
“O acordo emergente, ao que parece, muito provavelmente vai criar um Oriente Médio mais violento e volátil”, disse o primeiro-ministro israelense Naftali Bennett no final de fevereiro, dirigindo-se ao seu gabinete.
‘Agressão Sionista’
A atual declaração do presidente iraniano Ibrahim Raisi também vem na sequência de uma nova onda de violência em Jerusalém. Confrontos entre palestinos e israelenses eclodiram perto e na Mesquita de Al-Aqsa na última sexta-feira (15), quando o feriado da Páscoa judaica começou em meio ao mês de jejum muçulmano do Ramadã.
Estima-se que 170 pessoas ficaram feridas como resultado desses incidentes que se estenderam pelo fim de semana, segundo a AFP.
A polícia israelense teria dito que suas forças entraram no complexo da mesquita para “remover” os manifestantes palestinos, “centenas” dos quais foram vistos dentro do complexo no início da manhã de domingo (17) recolhendo pedras antes da chegada de visitantes judeus.
O Irã acusou Israel de agressão “sionista”, com seu Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica chamando os confrontos de “profanação dos valores sagrados dos muçulmanos” alegadamente “realizada pelas forças militares e de segurança do regime sionista, implantando equipamentos militares e atacando brutalmente fiéis palestinos indefesos”, de acordo com uma declaração traduzida pela agência de notícias iraniana Tasnim. O IRGC prometeu uma “nova onda” de apoio aos palestinos que se revoltam contra as “ações agressivas e novos crimes” de Israel.