A crise ucraniana pode levar fome a mais de um quinto da humanidade, cerca de 1,7 bilhão de pessoas, alertou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, neste domingo (17).
O líder da ONU deu a declaração em texto publicado pelo site Seznam Zpravy, da República Tcheca, discutindo as consequências econômicas para o mundo após a deflagração da operação militar russa na Ucrânia.
“Todos vemos a tragédia ocorrendo na Ucrânia. Mas, para além das fronteiras ucranianas, a guerra lançou um ataque silencioso contra o mundo em desenvolvimento. A crise pode levar até 1,7 bilhão de pessoas, mais de um quinto da humanidade, à pobreza e à fome em uma escala que não era vista há décadas”, disse Guterres.
A Ucrânia e a Rússia são responsáveis por 30% de toda a produção de trigo e cevada no mundo, um quinto do milho e mais da metade do óleo de girassol, disse Guterres. O chefe da ONU também detalhou ainda que os dois países são responsáveis por mais de um terço das importações de trigo de pelo menos 45 países em desenvolvimento.
O secretário-geral da ONU afirmou também que a crise da Ucrânia está bloqueando a exportação de grãos rompendo cadeias de suprimentos, causando aumento de preços. Desde o início de 2022, os preços de trigo e milho aumentaram mais de 30%, enquanto os preços do petróleo aumentaram mais de 60%. Já o gás e os fertilizantes dobraram de preço.
Guterres também clamou por reformas globais no sistema financeiro mundial que, segundo ele, atualmente “deixa os ricos mais ricos e pobres mais pobres”.
Na quinta-feira (14), a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, disse que o conflito na Ucrânia reduzirá a previsão de crescimento de 146 países no mundo, que juntos somam 86% do PIB mundial.
Na quarta-feira (13), o FMI, o Banco Mundial, o Programa Mundial de Alimentos (WFP, na sigla em inglês) e a Organização Mundial do Comércio (OMC), publicaram uma declaração conjunta pedindo a ação urgente e coordenada em relação à segurança alimentar em meio à crise ucraniana. A declaração aponta que a atual crise agrava ainda mais as consequências econômicas e sociais da pandemia da COVID-19.