O jornal Financial Times escreve que Josep Borrell, chefe das Relações Exteriores da União Europeia, procura um “meio-termo” entre os EUA e o Irã, que diz também beneficiar Bruxelas.
A União Europeia (UE) está tentando reavivar as negociações sobre o acordo nuclear iraniano devido à relutância de Washington em retirar o Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) do Irã da lista de terroristas dos EUA, disse no sábado (7) Josep Borrell, chefe das Relações Exteriores da UE.
O IRGC, como uma facção das Forças Armadas do Irã, desempenha um papel fundamental na salvaguarda do sistema político da República Islâmica.
A Força Quds, unidades de elite do IRGC que lidam predominantemente com operações no exterior, foi listada pelos EUA como uma organização terrorista estrangeira em 2007, e todo o IRGC foi designado como terrorista em 2019 por Donald Trump, então ex-presidente americano (2017-2021), um ano após ele retirar seu país unilateralmente do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), ou acordo nuclear iraniano, e reimpor sanções a Teerã.
Irã respondeu anunciando a redução gradual de seu compromisso com o acordo, eliminando as restrições à pesquisa nuclear e ao enriquecimento de urânio.
Borrell disse ao jornal Financial Times (FT) que ele está procurando um “meio-termo” para quebrar um impasse que ameaça reverter mais de um ano de esforços diplomáticos da UE para incentivar os EUA a aderir novamente ao acordo de 2015 e levantar as sanções ao Irã, com Teerã reduzindo suas atividades nucleares em troca.
“Em um certo momento, terei que dizer, como coordenador [das conversações de Viena], faço esta proposta sobre a mesa, formalmente […] o único ponto de equilíbrio possível seria este“, notou Borrell, acrescentando que as conversas não podem continuar indefinidamente, “porque enquanto isso o Irã continua desenvolvendo seu programa nuclear”.
O JCPOA está ganhando relevância, com o Ocidente temendo desencadear outra crise com o Irã, o que pode dissuadi-lo de aumentar suas exportações de petróleo em meio ao aumento dos preços energéticos e às tentativas ocidentais de substituir o petróleo bruto da Rússia, indica o FT.
“Nós, europeus, seremos muito beneficiados por este acordo, a situação mudou agora. Para nós foi algo […] ‘bem, nós não precisamos dele’, agora seria muito interessante para nós ter outro fornecedor [de petróleo bruto]”, apontou Borrell, que acrescentou que “os americanos precisam de um sucesso diplomático”.
Depois de tomar posse em janeiro de 2021, o atual presidente dos EUA, Joe Biden, disse que estava procurando reviver o acordo e renovar os compromissos dos EUA sob o JCPOA. No entanto, as negociações iniciadas em abril de 2021 estagnaram, com Washington e Teerã rejeitando quaisquer concessões.