Questionado se a Rússia descartaria um ataque nuclear tático preventivo contra a Ucrânia, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia disse nesta terça-feira que uma decisão sobre possível uso de armas nucleares está claramente definida na doutrina militar russa, informou a RIA.
“Temos uma doutrina militar – tudo está escrito lá”, disse Alexander Grushko, segundo a agência estatal de notícias RIA.
Os princípios oficiais de implantação militar da Rússia permitem o uso de armas nucleares se elas –ou outros tipos de armas de destruição em massa– forem usadas contra ela, ou se o Estado russo enfrentar uma ameaça existencial por armas convencionais.
A decisão de usar o vasto arsenal nuclear da Rússia, o maior do mundo, cabe ao presidente russo, atualmente Vladimir Putin.
A invasão da Rússia matou milhares de pessoas, deslocou quase 10 milhões e levantou temores de um confronto mais amplo entre a Rússia e os Estados Unidos –de longe as maiores potências nucleares do mundo.
O diretor da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA), William Burns, disse no sábado que Putin acredita que não pode se dar ao luxo de perder na Ucrânia e alertou que o Ocidente não pode ignorar o risco do uso de armas nucleares táticas por Moscou.
“Nós não vemos, como uma comunidade de inteligência, evidências práticas neste momento do planejamento russo para uma implantação ou mesmo uso de armas nucleares táticas”, disse Burns.
Ele advertiu, porém, que “as apostas são muito altas para a Rússia de Putin”.
ATAQUE NUCLEAR?
Um decreto assinado por Putin em 2 de junho de 2020 mostra que a Rússia vê suas armas nucleares como “exclusivamente um meio de dissuasão”.
Repete a fraseologia da doutrina militar, mas acrescenta detalhes sobre quatro circunstâncias sob as quais um ataque nuclear seria ordenado. Isso inclui informações confiáveis de um ataque de mísseis balísticos à Rússia e um ataque inimigo “em instalações críticas ou militares da Federação Russa, cuja incapacitação levaria à interrupção de uma resposta das forças nucleares”.
Putin, que repetidamente expressou ressentimento pela forma como o Ocidente tratou a Rússia após a queda da União Soviética em 1991, diz que a Ucrânia tem sido usada pelos Estados Unidos para ameaçar a Rússia.
Ele justificou sua ordem de 24 de fevereiro para uma operação militar especial dizendo que a Ucrânia perseguia os falantes de russo e que os EUA estavam determinados a ampliar a aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de uma forma que colocaria a Rússia em perigo.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, considera a invasão da Ucrânia por Putin como uma disputa em uma batalha global muito mais ampla entre democracia e autocracia. Ele também chamou Putin de criminoso de guerra e disse que o ex-espião da KGB não pode permanecer no poder.
Fonte: Reuters.