Caças israelenses atacaram um povoado perto da cidade portuária de Tartus, no mar Mediterrâneo, na manhã de sábado (2), ferindo dois civis e danificando fazendas locais. A mídia israelense afirmou mais tarde que o ataque teve como alvo ativos “iranianos” que buscavam trazer sistemas de defesa antiaérea “revolucionários” para a Síria.
A representante do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, emitiu uma declaração com palavras fortes criticando o recente ataque aéreo de Israel à Síria, exigindo que Tel Aviv interrompa imediatamente sua campanha de agressão aérea.
“Em 2 de julho, aviões de guerra israelenses dispararam vários mísseis contra alvos na província de Tartus, na República Árabe da Síria. Segundo relatos, dois civis ficaram feridos como resultado do ataque aéreo. Danos graves foram causados à infraestrutura civil. Mais uma vez enfatizamos que os ataques israelenses em andamento no território sírio são categoricamente inaceitáveis”, disse Zakharova no comunicado.
“Condenamos fortemente essas ações irresponsáveis que violam a soberania da Síria e as normas básicas do direito internacional e exigimos sua cessação incondicional”, acrescentou a representante.
A mídia síria indicou que os ataques, que ocorreram por volta das 6h30 da manhã (horário local) de sábado, foram lançados do mar Mediterrâneo a oeste da cidade libanesa de Trípoli e atingiram fazendas de aves nas proximidades da cidade de Hamidiya, ao sul de Tartus.
O ataque teria causado extensos danos materiais, incluindo danos à irrigação local e redes elétricas. Um homem da aldeia de Al-Jamasa disse que perdeu 52 ovelhas e duas vacas e vários implementos agrícolas que constituíam sua única fonte de subsistência. Outro homem, morador da aldeia de al-Qubaiba, quebrou a perna e disse que o ataque danificou sua casa e afetou mais de três quilômetros de terras agrícolas.
O ataque de sábado seguiu-se ao ataque israelense do mês passado ao Aeroporto Internacional de Damasco, que causou sérios danos ao aeródromo e aos edifícios do terminal e forçou o Ministério dos Transportes a suspender temporariamente todos os voos de e para a capital. Tanto a Rússia quanto o Irã condenaram esse ataque, que foi o segundo ataque israelense no aeroporto desde maio.
No domingo (3), o Canal 12 de Israel afirmou – sem citar fontes – que o ataque a Tartus teve como alvo uma tentativa do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica de trazer sistemas de defesa antiaérea “revolucionários” para a Síria.
Israel raramente comenta ataques aéreos individuais contra seu vizinho, mas reconheceu ter realizado “centenas” de ataques contra a Síria na última década, com autoridades e a mídia às vezes justificando a agressão apontando para a presença de forças “iranianas” ou “apoiadas pelo Irã” (ou seja, do Hezbollah libanês) no país.
Damasco rejeitou as justificativas de Tel Aviv, dizendo que tem o direito de posicionar as tropas que quiser em seu próprio território, particularmente para ajudá-la em sua batalha de uma década contra extremistas jihadistas apoiados por estrangeiros.
No mês passado, o Wall Street Journal informou que as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) coordenou “alguns” de seus ataques aéreos na Síria com o Comando Central dos Estados Unidos, a entidade unificada responsável por todas as operações militares dos EUA no Oriente Médio. Os EUA ocupam cerca de um terço dos territórios do nordeste da Síria, ricos em petróleo e alimentos, juntamente com seus aliados curdos sírios, forçando a nação autossuficiente em energia e grãos a depender da Rússia e do Irã para assistência alimentar e combustível.