Embora tenha sofrido perdas territoriais, o grupo terrorista adaptou sua estrutura e continua a prosperar em meio à instabilidade regional e à desigualdade socioeconômica, disse a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quarta-feira (10).
O chefe de contraterrorismo da ONU, Vladimir Voronkov, fez um alerta durante uma reunião do Conselho de Segurança da organização sobre o crescimento do Estado Islâmico e suas novas formas de organização política.
“Apesar das derrotas territoriais e perdas de liderança, a ameaça representada pelo Estado Islâmico vem aumentando desde o início da pandemia de COVID-19 e persiste, destacando a importância da implementação de medidas não militares para combater o terrorismo”, disse.
Segundo Voronkov, as afiliadas do Estado Islâmico continuam a explorar conflitos e desigualdades sociais para incitar distúrbios e planejar ataques terroristas.
Ele apontou que houve um redirecionamento das ações do grupo para o espaço digital, que deu aos extremistas oportunidades para intensificar seus esforços de recrutamento e atrair mais financiamento.
Como exemplo da recuperação financeira do grupo, ele explicou que, desde o ano passado, o Estado Islâmico promove cada vez mais ataques com drones, como visto no norte do Iraque. O chefe de contraterrorismo da ONU também estimou que o Estado Islâmico controla US$ 25 milhões (R$ 126,5 milhões) em fundos e tem a capacidade de canalizar dinheiro para suas afiliadas em todo o mundo.
“A diversidade de fontes, lícitas e ilícitas, usadas pelo Estado Islâmico para financiar atividades terroristas e exercer controle sobre grupos e combatentes afiliados destaca a importância de esforços sustentados para combater o financiamento do terrorismo”, acrescentou.
Vladimir Voronkov entende que a tendência ascendente do Estado Islâmico foi possível em parte pela adoção pelo grupo de uma estrutura interna descentralizada baseada em uma “direção geral de províncias” e em “gabinetes” associados.
Estes são projetados para gerenciar e financiar operações terroristas em todo o mundo, das Áfricas Central, Austral e Ocidental à Europa e Afeganistão. Ele deixou claro que o grupo terrorista tem objetivos e aspirações de longo prazo.
“Uma melhor compreensão e um monitoramento contínuo dessa estrutura são indispensáveis para se combater e prevenir a ameaça representada pelo Estado Islâmico”, disse Voronkov.
A situação, acrescenta o seu relatório na ONU, é agravada pela desaceleração da economia global e pelo aumento da inflação, além das medidas adotadas pelos governos para enfrentar o grupo terrorista.
No Iraque e na Síria, o Estado Islâmico mantém sua capacidade de organizar operações complexas, como o ataque de 20 de janeiro à prisão de Ghwaryan, em Al-Hasakah, na Síria.
Voronkov disse que até 10 mil combatentes estão operando na área ao longo da fronteira entre os dois países. Em abril, o grupo lançou uma campanha global para vingar líderes mortos durante operações de contraterrorismo.