As declarações de Vladimir Zelensky sobre a necessidade de tirar a Crimeia da Rússia podem transformar a crise ucraniana em uma guerra mundial total, escreveu o colunista da edição italiana La Stampa Domenico Quirico.
Conforme Quirico, Moscou pode reagir às consequências de uma eventual invasão das forças ucranianas da península de “Sevastopol, Malakhov Kurgan e Lev Tolstói” de forma mais severa do que ao confronto em Donbass.
“Se Zelensky realmente, como ele mesmo declarou em um dos seus últimos discursos à nação, decidiu começar o ‘retorno dos territórios’ pela Crimeia, estes seis meses se tornarão apenas uma etapa provisória antes do inferno”, afirma o autor da publicação.
Domenico Quirico salientou que o líder ucraniano não é capaz de dar um passo tão desesperado sem a aprovação do Ocidente, o que muito provavelmente fará com que os EUA e a Europa se envolvam em um confronto direto.
“A tentativa de retomar a Crimeia, uma manobra que não pode se realizar sem a ‘luz verde’ por parte dos Estados Unidos, significa que a ideia dominante será a luta até ao fim, total, sem restrições de meios; e a liquidação do pouco que resta da possiblidade de chegar a um acordo e regular os interesses, do único rumo que leva pelo menos ao cessar-fogo”, concluiu o colunista.
Anteriormente, o presidente ucraniano, durante a sua mensagem à nação, declarou mais uma vez que Kiev vai certamente “retomar” o controle sobre a Crimeia, anunciando uma cúpula internacional para “desocupação” da região. Ao mesmo tempo, Zelensky evitou falar sobre os prazos da “retomada” da península.
Como sublinhou o vice-chefe do governo da Crimeia, Georgy Muradov, a ideia de tirar a península da Rússia está levando firmemente o Estado ucraniano para o colapso. Nesse contexto, um deputado do parlamento da Crimeia, Yuri Gempel, defendeu, por sua vez, que a península está fora do alcance dos nacionalistas ucranianos, já que está devidamente fortificada.