Aviões das Forças Aéreas da Etiópia bombardearam nesta sexta-feira (26) a cidade de Mekele, capital da região de Tigré, no norte do país, que vive há dois anos um conflito classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o pior do mundo.
Segundo forças rebeldes e organização humanitárias que atuam na região, o ataque ocorreu em uma área residencial da cidade, e ao menos 17 pessoas morreram, incluindo duas crianças. Desde 2020, forças separatistas do Tigré lutam contra o governo da Etiópia pelo controle da região.
“Um avião (…) lançou bombas em uma zona residencial e um jardim de infância em Mekele”, disse um porta-voz dos rebeldes de Tigré, Kindeya Gebrehiwot, que citou civis mortos e feridos no ataque.
O governo da Etiópia ainda não havia se posicionado até a última atualização desta notícia.
‘Pior crise do mundo’
Na semana passada, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, que é etíope, chamou a atenção para o conflito, que afirmou ser “a pior crise do mundo”.
“A crise humanitária no Tigré é maior do que na Ucrânia. Sem qualquer exagero. E eu disse isso muitos meses atrás: talvez a razão seja a cor da pele das pessoas no Tigré”, disse.
Histórico
Em novembro de 2020, o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, enviou tropas do exército para, com a ajuda de forças da Eritreia, desalojar as autoridades rebeldes do Tigré. Inicialmente derrotados, os rebeldes recuperaram o controle da região em junho de 2021.
Desde então, o conflito tem tido pouca ajuda humanitária internacional. Provedores de ajuda humanitária, médicos e enfermeiros relatam que há pessoas morrendo de fome e que faltam mantimentos básicos para tratar os doentes.
A ajuda se intensificou nos últimos meses, mas tem sido classificada como inadequada para suprir as necessidades da população sitiada. Segundo informações de grupos humanitários, a região continua a sofrer com a falta de combustível, o que impede o transporte de bens.
Símbolo do isolamento da região, a campanha de vacinação contra a Covid-19 foi lançada só em julho deste ano – ainda assim um avanço em comparação com os meses difíceis em que feridos eram tratados com água morna e sal.
A volta de serviços básicos e da atividade bancária continua uma das principais demandas de lideranças do Tigré. Jornalistas são impedidos de adentrar a região
O conflito na Etiópia tem implicações sérias para além de suas fronteiras nacionais, podendo contribuir para desestabilizar a região – o país faz fronteira com Sudão, Sudão do Sul, Uganda, Quênia, Somália, Djibuti e Eritreia.
Fonte: G1.