Um confronto entre EUA e China “é muito mais provável do que pensamos”, mas a guerra “não é inevitável” e um novo equilíbrio deve ser encontrado, declarou o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán.
O político fez um discurso no sábado em uma cidade romena habitada principalmente por húngaros étnicos, onde disse que nos últimos 300 anos de história houve 16 casos de ascensão de uma nova potência mundial, 12 deles por meio de guerras. “A experiência nos mostra que a potência mundial dominante parece melhor do que é e atribui mais qualidades negativas ao desafiante do que ele realmente tem”, disse ele.
Quanto à União Europeia, Orbán afirmou que o bloco comunitário, do qual a Hungria faz parte, “sente-se encurralado” e tem razões para “se sentir assim”. O primeiro-ministro citou as previsões do Fundo Monetário Internacional, segundo as quais, “não veremos mais a França nem o Reino Unido” entre as 10 maiores economias do mundo em 2030, enquanto a Alemanha cairia para o “décimo lugar”.
A UE “parece um campeão de boxe que mostra seus cinturões, mas não quer entrar no ringue”, acrescentou Orbán, observando que o bloco comunitário se fecharia “em um gueto econômico cultural”. “A UE pode cortar-se à energia russa, mas é apenas uma ilusão porque a Rússia não pode cortar-se a outras zonas do mundo . Estamos a perder a nossa competitividade”, criticou o político, lembrando que “os custos da energia duplicaram, enquanto a China tem custos iguais ou inferiores”.
Além disso, as grandes empresas europeias “nem querem sair da Rússia” e apenas 8,5% das 1.400 empresas ocidentais presentes no mercado russo deixaram o país, disse o dirigente húngaro. “As indústrias de mineração, energia e farmacêutica permaneceram na Rússia. No ano passado, US$ 3,5 bilhões foram despejados na economia russa”, acrescentou.
Segundo o primeiro-ministro, Bruxelas levou o bloco comunitário a “um império” que não pode ser “chamado a prestar contas”, em aparente referência aos EUA.