Apesar de Moscou e Teerã terem negado as transações repetidamente, Washington continua levantando a questão nas negociações indiretas que se realizam com o suposto objetivo de desescalar uma crise nuclear.
De acordo com o Financial Times (FT), os EUA estão pressionando o Irã a “parar de vender drones” armados para a Rússia como parte das discussões sobre um “entendimento não escrito” mais amplo entre Washington e Teerã para diminuir as tensões e conter uma crise nuclear de longa escala, uma alegação que vem sendo rejeitada pelo Irã e pelo Kremlin.
Segundo o FT, as discussões teriam ocorrido paralelamente às negociações sobre um acordo de troca de prisioneiros, que levou Teerã a transferir quatro cidadãos iraniano-americanos da prisão para prisão domiciliar na quinta-feira passada (10), disseram fontes ao jornal.
De acordo com uma autoridade iraniana e outra pessoa informada sobre as negociações, os EUA querem que o Irã tome “medidas mais concretas” para que Moscou não implante drones iranianos no conflito ucraniano.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse na terça-feira (15), no entanto, que os EUA estão adotando uma estratégia de dissuasão, pressão e diplomacia para garantir que o Irã não adquira uma arma nuclear e para responsabilizar Teerã por abusos dos direitos humanos e pelo “fornecimento de drones à Rússia para seu uso na guerra contra a Ucrânia”, condicionando os dois temas.
Os negociadores esperam que as negociações indiretas levem os dois lados a concordar com medidas de redução da escalada. Enquanto o Irã deve concordar em não enriquecer urânio acima de 60% de pureza e melhorar sua cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), prometendo não alvejar norte-americanos, Washington se absteria de impor novas sanções em algumas áreas, com exceção das que envolvem direitos humanos, e não fiscalizaria estritamente as sanções já em vigor sobre as vendas de petróleo.
Mas o alívio de sanções somente por Washington não representaria vantagem na negociação. De acordo com a mídia, a República Islâmica quer que os EUA convençam os aliados europeus a também aliviar a pressão sobre o Irã, após sanções impostas pelos EUA depois que o ex-presidente Donald Trump abandonou o acordo nuclear de 2015.
Dado o avanço do programa nuclear do Irã, o consenso entre autoridades e analistas é que o acordo de 2015 está além do reparo, por esta razão o governo Biden quer conter a crise nuclear até depois das eleições presidenciais de 2024 nos Estados Unidos. Se Biden vencer, pode haver uma abertura para garantir um acordo mais abrangente, disseram analistas.