A Coreia do Norte vai enfrentar consequências se fornecer à Rússia armamento para a guerra contra a Ucrânia, afirmou, nesta terça-feira (5), Jake Sullivan, o assessor de Segurança Nacional do governo dos Estados Unidos.
Ele afirmou que os norte-coreanos vão pagar um preço “na comunidade internacional”.
O governo dos EUA tem dito que a Coreia do Norte quer vender armas à Rússia para a guerra na Ucrânia.
De acordo com reportagens de jornais dos EUA, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, vai se encontrar com o presidente russo, Vladimir Putin.
O que a Coreia do Norte pode oferecer à Rússia?
Os EUA afirmaram na semana passada que, apesar de negar, a Coreia do Norte já forneceu foguetes e mísseis de infantaria a Moscou em 2022 para o grupo paramilitar Wagner no conflito na Ucrânia.
Joseph Dempsey, pesquisador do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, afirma que o governo russo tem interesse em projéteis de artilharia que possam ser facilmente integrados.
“A Coreia do Norte provavelmente tem as maiores reservas de projéteis de artilharia e de artilharia herdada da era soviética, que poderiam ser usadas para reabastecer os estoques russos esgotados no conflito da Ucrânia”, afirmou Dempsey.
O governo da Coreia do Norte conseguiu fornecer munições à Rússia porque “se prepara para a guerra há 70 anos”, diz Cho Han-bum, principal pesquisador do Instituto Coreano para a Unificação Nacional.
O que a Coreia do Norte quer em troca?
Segundo analistas, a Rússia tem tudo o que a empobrecida Coreia do Norte precisa.
“A Rússia é um país exportador de alimentos, um país exportador de fertilizantes, um país exportador de energia”, explica Cho.
A Coreia do Norte também poderia procurar transferir “tecnologias-chave, conhecimento e capacidade de produção para promover a indústria de armas da Coreia do Norte e torná-la mais sustentável”, acrescenta Dempsey.
Um relatório da ONU de 2022 destaca o papel que um diplomata norte-coreano teve em Moscou na aquisição de tecnologias de mísseis balísticos e na tentativa de obter cerca de 3.000 quilos de aço para o programa de submarinos de Pyongyang.
Quais reuniões realizaram no passado?
O apoio da Rússia, um aliado histórico de Pyongyang, foi crucial durante décadas para sair do isolamento e as suas relações começaram na fundação da Coreia do Norte.
Mas na década de 1980, quando quis reconciliar-se com a Coreia do Sul, a União Soviética reduziu o seu financiamento ao Norte. O fim da URSS foi um golpe duro para Pyongyang.
A Federação Russa e a Coreia do Norte realizaram a sua primeira cúpula em 2000, quando assinaram uma declaração conjunta sobre cooperação econômica e trocas diplomáticas.
A assinatura do acordo entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o falecido Kim Jong Il, pai e antecessor do atual líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, estabeleceu um marco na revitalização das relações bilaterais.
Kim Jong-un fez a sua primeira visita oficial à Rússia em 2019, quando procurava estreitar laços com o seu aliado tradicional, em meio à crise com Washington sobre armas nucleares. Não houve declaração conjunta naquela ocasião.
Kim tem sido firme no seu apoio à invasão russa da Ucrânia e, segundo os EUA, forneceu foguetes e mísseis a Moscou. Putin elogiou o “apoio constante de Pyongyang às operações militares especiais contra a Ucrânia” em julho.
O que significaria um acordo entre a Coreia do Norte e a Rússia?
EUA, Reino Unido, Coreia do Sul e Japão afirmaram na semana passada, nas Nações Unidas, que qualquer acordo para aumentar a cooperação entre Rússia e Coreia do Norte violaria as resoluções do Conselho de Segurança, que proíbem acordos de armas com a Coreia do Norte- resoluções que foram endossadas pela Rússia.
Para evitar acusações de violação das resoluções, é provável que os dois aliados “cheguem a um acordo a portas fechadas, sem qualquer anúncio oficial”, diz Cheong Seong-chang, diretor de estudos norte-coreanos do Instituto Sejong.
“Espera-se que Kim e Putin simplesmente digam que concordaram em cooperar em uma ampla gama de áreas, sem especificar quais são”, afirma.
Fonte: G1.