Os Estados Unidos vão fornecer à Ucrânia munições com urânio empobrecido para serem utilizadas em tanques, disse o Departamento de Defesa dos Estados Unidos na quarta-feira (6). O equipamento está incluso em um pacote de ajuda de U$ 175 milhões (R$ 870 milhões) que o governo norte-americano disponibilizará para os ucranianos.
Munições do tipo são capazes de perfurar blindagem, mas são controversas devido aos riscos tóxicos que implicam para os militares e a população. Na quinta-feira (7), a Rússia criticou a promessa dos EUA e disse que isso escalonaria o conflito.
Saiba mais sobre as munições com urânio empobrecido a partir dos tópicos abaixo:
- O que são?
- Quais os riscos para saúde e meio ambiente?
- Quais países têm acesso?
- Onde já foram usadas?
O que são munições com urânio empobrecido?
O urânio empobrecido é um produto derivado do processo de enriquecimento do urânio para uso em reatores ou armas nucleares. Nesta forma, o material é cerca de 60% menos radioativo que o urânio natural.
A substância é um metal muito denso (cerca de 1,7 vezes mais que o chumbo) e extremamente duro que pega fogo sozinho quando em altas temperaturas e pressões. Isso permite que a munição perfure materiais resistentes, como os utilizados na blindagem de tanques.
“É tão denso e tem tanto impulso que atravessa a armadura — e aquece tanto que pega fogo”, explicou Edward Geist, especialista nuclear, à AP.
Quais os riscos para saúde e meio ambiente?
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), o urânio empobrecido é um “metal pesado, química e radiologicamente contaminante”. O maior perigo associado ao material, no entanto, não é a radioatividade, mas sua toxicidade química.
A ingestão ou a inalação de grandes quantidades pode afetar o funcionamento dos rins. Se uma pessoa inalar grandes quantidades de partículas por um longo período, a principal preocupação com a saúde será o aumento do risco de câncer de pulmão.
“Em condições extremas e na pior das hipóteses, os soldados que recebem grandes doses de urânio empobrecido podem sofrer efeitos adversos nos rins e nos pulmões”, afirma a Royal Society.
As munições de urânio empobrecido foram apontadas como uma possível causa de problemas de saúde em veteranos da Guerra do Golfo ou do alto número de cânceres e malformações congênitas na cidade iraquiana de Fallujah. Por outro lado, muitos estudos concluíram que não há evidências do caráter prejudicial da substância.
De acordo com análises cujas conclusões são compartilhadas pela Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), “os riscos radiológicos para a população e o meio ambiente não são significativos nos casos em que a presença de urânio empobrecido causou contaminação localizada do meio ambiente na forma de pequenas partículas liberadas durante o impacto”.
“Entretanto, quando fragmentos de munições de urânio empobrecido ou munições completas desse tipo são encontrados, pessoas que entram em contato direto podem sofrer efeitos radiológicos”, aponta a entidade da ONU.
Quais países têm acesso?
Os Estados Unidos, a Grã-Bretanha, a Rússia, a China, a França e o Paquistão produzem armas de urânio empobrecido, de acordo com a Coligação Internacional para a Proibição de Armas de Urânio. Sabe-se que outros 14 países armazenam alguma quantidade do material.
Onde já foram usadas?
As munições com urânio empobrecido foram utilizadas:
- Na antiga Iugoslávia durante a década de 1990. A Royal Society estima que 11 toneladas tenham sido usadas.
- Nas duas Guerras do Golfo, em 1991 e 2003. Na primeira, 340 toneladas da munição foram utilizadas.
- Na Síria, em duas ocasiões no ano de 2015. O material foi usado em operações norte-americanas contra o grupo Estado Islâmico.
Fonte: G1.