O presidente russo, Vladimir Putin, quebrou o silêncio na terça-feira sobre o ataque brutal do Hamas contra Israel no sábado, expressando preocupação com o “aumento catastrófico” no número de vítimas civis em Israel e em Gaza.
O líder russo considerou “necessária” a criação de um Estado palestiniano e sugeriu que a nova guerra entre Israel e o Hamas demonstrava o “fracasso” da política dos EUA no Médio Oriente.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, cuja nação foi brutalmente invadida pela Rússia no ano passado, respondeu acusando Moscovo de apoiar o Hamas.
“Temos certeza de que a Rússia apoia, de uma forma ou de outra, as operações do Hamas”, disse Zelensky em entrevista ao canal de televisão France 2 na terça-feira. “A crise actual… testemunha o facto de que a Rússia está realmente a tentar levar a cabo acções desestabilizadoras em todo o mundo.”
Outrora aliados próximos, as relações entre Jerusalém e Moscovo deterioraram-se rapidamente após a invasão da Ucrânia pela Rússia. Mesmo quando Israel procurava manter um equilíbrio cuidadoso, a fim de continuar a coordenação com Moscovo sobre o espaço aéreo sírio, os laços azedaram quando Jerusalém enviou ajuda humanitária para a Ucrânia e ofereceu publicamente o seu apoio a Kiev.
Zelensky emitiu uma defesa total de Israel no dia da invasão chocante das comunidades israelenses pelo Hamas, dizendo que “o direito de Israel à defesa é indiscutível”.
Putin conversou terça-feira com seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, e “a ênfase foi colocada no agravamento acentuado da situação na zona de conflito israelo-palestiniana”, disse o Kremlin em comunicado.
“Foi expressada profunda preocupação com a escalada contínua da violência e o aumento catastrófico do número de vítimas civis”, acrescentou. Putin e Erdogan reiteraram a necessidade de “um cessar-fogo imediato” e de “a retomada do processo de negociação”, segundo o Kremlin.
A presidência turca também afirmou que os dois líderes discutiram “os desenvolvimentos alarmantes do conflito israelo-palestiniano e as medidas a tomar para evitar uma escalada”.
Erdogan também disse que era “lamentável ter como alvo instalações civis e que a Turquia não acolhe tais atos”.
Zelensky expressou na terça-feira a sua preocupação, no entanto, pelo facto de a comunidade internacional estar a afastar-se da guerra na Ucrânia face à “tragédia” que se abateu sobre Israel após os ataques do Hamas.
“Não quero fazer comparações. Há uma guerra terrível acontecendo em nosso país. Em Israel, muitas pessoas perderam os seus entes queridos. Essas tragédias são diferentes, mas ambas são imensas”, afirmou.
Zelensky alertou, no entanto, que “a atenção internacional corre o risco de se afastar da Ucrânia e “isso terá consequências”.
“O destino da Ucrânia depende da unidade do resto do mundo. A unidade mundial depende muito da unidade dos Estados Unidos”, afirmou o líder ucraniano.