Em apenas oito dias, o Afeganistão registrou quatro abalos de forte intensidade e magnitude exatamente iguais. Isso chamou a atenção dos observadores, já que normalmente, terremotos de grande magnitude são seguidos de abalos secundários de amplitude menor e raras vezes com a mesma intensidade.
O primeiro evento, de 6.3 magnitudes, ocorreu no dia 7 e outubro às 03h41min BRT (pelo Horário de Brasília) a 33 km do norte-nordeste da localidade de Zindah, a apenas 14 km de profundidade. Menos de meia hora depois, um segundo abalo de intensidade idêntica foi observado na mesma região, com foco calculado quatro km mais próximo da mesma localidade e profundidade ligeiramente menor, de 10 km.
Esses dois eventos causaram muitos danos às construções simples do local e uma grande quantidade de feridos e vítimas fatais.
Três dias depois, em 10 de outubro, um terceiro evento de magnitude idêntica aos anteriores foi novamente observado na mesma região, a 9 km de profundidade. No domingo, 15 de outubro, a terra voltou a tremer após um novo sismo, também de magnitude 6.3, atingir o norte-noroeste da cidade de Herat, a menos de 20 km dos eventos anteriores.
Tectônica do Afeganistão
Após a ocorrência desses quatro eventos, de magnitude idêntica e na mesma região, muitas pessoas se perguntaram sobre os motivos de ocorrerem abalos seguidos de grande magnitude, já que normalmente os abalos seguidos a um grande terremoto têm magnitude menor.
É importante destacar que a ocorrência de eventos seguidos de magnitude decrescente não é uma regra, mas apenas uma característica natural, já que um primeiro grande evento quase sempre libera a maior parte da energia acumulada durante a compressão entre as placas envolvidas. O oposto, ou seja, pequenos abalos serem seguidos de eventos muito maiores também ocorre com bastante frequência, registrados na mesma falha ao longo de regiões menos resistentes já próximas à ruptura.
No caso dos quatro eventos observados no Afeganistão, todos foram observados como resultado de zonas de subducção em profundidades rasas, próximas do extremo oeste da cordilheira do Hindu Kush, abaixo de um cinturão montanhoso intracontinental dentro da placa da Eurásia. Ali, seguimentos da placa se movimentam em sentido leste-oeste enquanto outros seguimentos mergulham caoticamente por baixo, no sentido norte ou sul.
Embora tenham chamado a atenção por terem ocorridos de forma sequencial e na mesma localidade, os terremotos no Afeganistão e também nas regiões vizinhas são bastante comuns devido _a complexa dinâmica entre as placas tectônicas Índica, Arábica e da Eurásia. No Afeganistão, os terremotos que acontecem no oeste e na região central são causados principalmente pelo movimento rumo ao norte da placa da Arábia em relação à placa Eurasiana.
Estatística Sísmica
Desde 1979, foram registrados 1817 tremores em um raio de 700 km ao redor do epicentro dos eventos de Zindah/Herā,t. Em torno de 100 km foram observados nove eventos. O sismo mais próximo dessa região havia sido registrado em 27 de fevereiro de 2013, a 32 km de distância e atingiu 4.4 magnitudes.
O tremor mais significativo neste mesmo raio ocorreu no Irã, em local incerto, em 10 de maior de 1997, a 224 km de distância do evento atual e atingiu 7.3 magnitudes, deixando 1567 vítimas fatais.
Desde 1920, sete outros tremores de magnitude maior ou igual a 6.0 foram observados em num raio de 250 km de Zindah/Herā,t, todos eles no Irã.
Relatório Sísmico até 16/outubro
De acordo com os dados recebidos nas últimas 48 horas, o evento de maior intensidade ocorreu no Afeganistão, 30 km a norte-noroeste de HerÄt, às 03h36min UTC do dia 15/10. O evento foi localizado a menos de 10 km de profundidade e segundo o USGS, Instituto de Pesquisas geológicas dos EUA, a magnitude foi calculada em 6.3 magnitudes. Do total de 267 eventos dos últimos sete dias, 236 deles foram classificados como de intensidade leve e 26 atingiram o status de moderados. Cinco tremores foram classificados entre forte e muito forte.