Presidente russo diz que Washington e aliados usam a situação no Oriente Médio em benefício próprio para alcançar seus objetivos.
O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou, nesta segunda-feira (30), que os Estados Unidos e seus aliados ocidentais estão usando a situação atual no Oriente Médio para dividir a comunidade internacional e alcançar seus próprios objetivos.
A declaração foi dada em uma reunião com membros do Serviço Federal de Segurança (FSB), feita por videoconferência, para discutir os recentes acontecimentos no aeroporto da cidade de Makhachkala, no sudoeste da Rússia.
No último domingo (29), manifestantes invadiram o aeroporto, que atende a capital da República do Daguestão, de maioria muçulmana, paralisando as operações. A manifestação ocorreu simultaneamente a outros atos pró-palestina realizados ao redor do mundo.
“Eles [EUA e aliados] não precisam de uma paz duradoura na Terra Santa. Precisam de um caos constante no Oriente Médio, por isso fazem o seu melhor para desacreditar os países que insistem em um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, em parar o derramamento de sangue e que estão dispostos a contribuir para a resolução da crise. Até a ONU, a posição claramente expressa da comunidade mundial, está sujeita a ataques, perseguições reais e tentativas de desacreditá-la”, disse Putin na reunião.
Putin acrescentou que a atuação da Rússia para resolver questões globais e regionais, incluindo no Oriente Médio, desagradou aos Estados Unidos, que acreditam em sua exclusividade hegemônica. Ele ressaltou que Moscou nunca teve interesse próprio ou duplo interesse na questão palestina.
“Em nossas abordagens à situação no Oriente Médio, ao contrário do Ocidente, nunca houve interesse próprio, intriga ou interesse duplo. Declaramos antes e continuamos declarando abertamente a nossa posição, ela não muda de ano para ano. A chave para resolver o conflito é a criação de um Estado palestino soberano, independente, um Estado palestino de pleno direito”, disse Putin.
O presidente russo afirmou que Moscou está no campo de batalha, lutando pelo futuro e pelos princípios de uma ordem mundial mais justa.
“Hoje, a Rússia não está apenas participando ativamente da formação de um mundo novo, mais justo e multipolar, com direitos e oportunidades iguais para todos os países e civilizações. Não somos apenas um dos líderes desse processo histórico objetivo. Direi mais, e isso é do conhecimento de todos: a Rússia luta no campo de batalha pelo nosso futuro, pelos princípios de uma ordem mundial justa, pela liberdade dos países e dos povos”, disse Putin.
Putin acrescentou que para solucionar o conflito entre Israel e Hamas será necessário pragmatismo.
“Quando você olha para crianças ensanguentadas, crianças mortas, a forma como as mulheres e os idosos estão sofrendo, médicos que estão morrendo, é claro que seus punhos cerram e lágrimas brotam de seus olhos. Não há como colocarmos de outra maneira, mas deveríamos. Não temos o direito e não podemos nos permitir ser guiados pelas emoções”, disse o presidente russo.
Ele afirmou que é necessário “compreender claramente quem está realmente por trás da tragédia dos povos do Oriente Médio e de outras regiões do mundo, quem está organizando o caos mortal e quem se beneficia dele”.
Putin também criticou o governo israelense por recorrer ao princípio da responsabilidade coletiva pelos ataques do Hamas, vingando-se dos atos do dia 7 de outubro com ataques indiscriminados à população palestina.
“Lembramos como começou a atual rodada da crise no Oriente Médio, com um ataque terrorista contra civis de Israel e de outros países no território israelense. Observamos também que, em vez de punir criminosos e terroristas, infelizmente, eles [o Exército israelense] começaram a se vingar sobre o princípio da responsabilidade coletiva”, disse Putin.
“Centenas de milhares de pessoas inocentes estão sendo mortas indiscriminadamente [na Faixa de Gaza], porque simplesmente não têm para onde correr, onde se esconder dos bombardeios”, acrescentou o presidente russo.
Em 7 de outubro, o Hamas lançou um ataque sem precedentes contra Israel. Em resposta, as Forças de Defesa de Israel (FDI) lançaram uma ofensiva contra a Faixa de Gaza, que incluiu bombardeios seguidos de uma incursão terrestre, iniciada na semana passada. Israel também impôs um bloqueio total ao enclave, impedindo o fornecimento de água, alimentos, medicamentos e combustível para gerar eletricidade.
O conflito na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde local, já deixou 18 mil pessoas feridas e causou a morte de pelo menos 8 mil pessoas, metade das quais eram crianças. Segundo o governo israelense, a meta da operação das FDI é destruir o Hamas e recuperar cerca de 200 reféns que são mantidos em cativeiro pelo grupo no enclave.