A situação que se avizinha na Faixa de Gaza é “ainda mais infernal”, alertou, nesta segunda-feira (4), uma dirigente da ONU devido aos bombardeios que Israel lança no sul do território e que podem impedir a chegada de ajuda humanitária à população.
Desde que foram retomadas as hostilidades, em 1º de dezembro, após uma trégua de sete dias, “as operações militares israelenses se estenderam para o sul de Gaza, obrigando outras dezenas de milhares de pessoas a fugir para espaços cada vez mais concentrados, com uma necessidade desesperada de alimentos, água, refúgio e segurança”, disse, por meio de nota, Lynn Hastings, coordenadora humanitária da ONU para os territórios palestinos.
“Não se dão as condições necessárias para fazer a ajuda chegar à população de Gaza. Embora pareça impossível, uma situação ainda mais infernal, à qual as operações humanitárias não vão poder responder, está prestes a se desencadear”, acrescentou.
“Ninguém está seguro em Gaza e não resta nenhum lugar aonde ir”, insistiu a canadense, negando que existam, nestas condições, “áreas seguras” como evocaram os Estados Unidos: zonas que não podem ser “nem seguras, nem humanitárias quando se declaram unilateralmente”.
“O que vemos hoje são refúgios sem espaço, um sistema sanitário de joelhos, falta d’água potável, sem saneamento e alimentos insuficientes para uma população que está esgotada mental e fisicamente: uma receita perfeita para epidemias e um desastre de saúde pública”, descreveu, lamentando a insuficiência da ajuda humanitária e de combustível que se permite entrar na Faixa de Gaza.
“O espaço permitido para a resposta humanitária em Gaza se reduz constantemente” com o fechamento de importantes rodovias que atravessam o território às equipes e caminhões da ONU, denunciou a funcionária da ONU com sede em Jerusalém, cujo visto não será renovado por Israel, que a acusou de não ser “imparcial”.
O porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, voltou a pedir, nesta segunda, um “cessar-fogo humanitário duradouro em Gaza” e a libertação de todos os reféns e instou às forças israelenses a “evitar novas ações que possam exacerbar a já catastrófica situação humanitária em Gaza e evitar mais sofrimento aos civis”.
O exército israelense apertou o cerco ao sul da Faixa de Gaza, onde dezenas de tanques entraram na segunda-feira no âmbito de sua ofensiva contra o movimento islamista palestino Hamas, quase dois meses depois do início da guerra desencadeada em 7 de outubro pelo ataque sangrento do movimento islamista em Israel.
Fonte: AFP.