Em contraste com as afirmações do premiê israelense sobre “exterminar o Hamas”, o Ministério da Saúde de Gaza afirmou na segunda-feira (25) que mais de 20.600 palestinos foram mortos em ataques das Forças de Defesa de Israel (FDI) desde a escalada do conflito israelo-palestino em 7 de outubro.
Existem “três pré-requisitos” para a paz entre Israel e os palestinos, incluindo a destruição do Hamas, a desmilitarização de Gaza e a desradicalização da sociedade palestina, escreveu o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, em um artigo de opinião no The Wall Street Journal.
Quanto à primeira condição, Netanyahu observou que os Estados Unidos, o Reino Unido, a França, a Alemanha e “muitos outros países” apoiam o esforço de Israel para destruir o Hamas.
Ele lembrou que os líderes do Hamas prometeram repetir o ataque de 7 de outubro “de novo e de novo”, razão pela qual a destruição do grupo militante palestino é “a única resposta proporcional para evitar a repetição de tais atrocidades horríveis”, acrescentou.
O primeiro-ministro israelense prometeu agir em total conformidade com o direito internacional na destruição do Hamas, acusando o grupo de usar civis palestinos como escudos humanos. Israel, por sua vez, está fazendo tudo o que está ao seu alcance para minimizar as vítimas civis, disse Netanyahu.
Ainda assim, o número de mortos nos bombardeios israelenses de Gaza continua aumentando, com o Ministério da Saúde de Gaza afirmando que pelo menos 20.674 palestinos foram mortos em ataques indiscriminados das FDI desde 7 de outubro, acrescentando que a maioria das vítimas foram mulheres e crianças. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse na semana passada (20) que a campanha de Israel deve passar de ataques em grande escala para operações mais precisas para reduzir o número de vítimas civis palestinas.
Quanto à segunda condição para a paz, Netanyahu insistiu que Israel deve manter “a responsabilidade primordial de segurança sobre Gaza” e rejeitou a possibilidade de a Autoridade Palestina supervisionar o território.
Segundo Netanyahu, Israel deve garantir que Gaza “nunca mais seja usada como base para atacar” o Estado judeu.
O primeiro-ministro acrescentou que a desmilitarização de Gaza exigiria o estabelecimento de uma zona de segurança temporária no perímetro do território e “um mecanismo de inspeção na fronteira entre Gaza e o Egito que atenda às necessidades de segurança de Israel e evite o contrabando de armas para o território”.
No que diz respeito à desradicalização de Gaza, continuou Netanyahu, a mudança deve vir da liderança palestina, bem como daquilo que os alunos aprendem nas escolas. O primeiro-ministro acrescentou que acredita que a mudança é possível, citando os sucessos na forja dos Acordos de Abraão de 2020 relacionados com a normalização árabe-israelense e apontando para os progressos alcançados desde a Segunda Guerra Mundial.
“A desradicalização bem-sucedida ocorreu na Alemanha e no Japão após a vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial. Hoje, ambas as nações são grandes aliadas dos EUA e promovem a paz, a estabilidade e a prosperidade na Europa e na Ásia”, escreveu Netanyahu.
O primeiro-ministro concluiu o artigo argumentando que se estas três condições fossem satisfeitas, Gaza poderia ser reconstruída e a perspectiva de uma paz mais ampla no Oriente Médio “se tornaria uma realidade”.
O artigo foi publicado quando Netanyahu prometia expandir a operação das FDI em Gaza, dizendo que a guerra estava longe de terminar.
Em 7 de outubro, o Hamas lançou um ataque com foguetes em grande escala a partir da Faixa de Gaza contra Israel, que retaliou ordenando um bloqueio total de Gaza e lançando uma operação terrestre.
Em 24 de novembro, o Catar intermediou um acordo entre Israel e o Hamas para um cessar-fogo temporário e a troca de alguns prisioneiros palestinos por reféns israelenses, bem como a entrega de ajuda humanitária a Gaza. A trégua foi prorrogada várias vezes e expirou em 1º de dezembro.