Israel sente-se traído e cada vez mais abandonado pelos EUA, agora que o seu representante no Conselho de Segurança da ONU apresentou hoje um voto de abstenção na resolução que exige um imediato cessar-fogo em Gaza. Apesar de terem viabilizado esta resolução, os EUA apressaram-se a afirmar que não mudaram de campo, nem pensam numa mudança de rumo em relação ao seu apoio “incondicional” a Israel. A verdade é que com esta abstenção do único verdadeiro amigo com que podia contar, Israel vê-se agora numa situação muito complicada.
Apesar de até há pouco negada como consequência desta “reviravolta”, a reunião marcada para amanhã em Washington entre o ministro da Defesa de Israel Yoav Gallant e Lloyd Austin, secretário da Defesa dos EUA, mantém-se para amanhã.
Esta resolução hoje aprovada exige um cessar-fogo durante o período do Ramadão e a libertação de reféns ainda detidos pelo Hamas na Faixa de Gaza. A resolução recebeu 14 votos a favor, incluindo a Rússia e a China, e a abstenção dos EUA.
RESOLUÇÃO:
A resolução hoje aprovada reza em suma o seguinte:
– um cessar-fogo imediato durante o mês do Ramadão, que se iniciou a 11 de Março;
– a libertação imediata e sem condicionamentos dos reféns. Serão cerca de 130.
– o aumento do volume da ajuda humanitária à população da Faixa de Gaza.
Segundo as autoridades israelitas, esta resolução deixada passar pelos EUA só vem prejudicar Israel, uma vez que um cessar-fogo sem a libertação de reféns prejudica o esforço de guerra e coloca a vitória nas mãos do Hamas, que entretanto já elogiou esta resolução. A embaixadora norte-americana na ONU lamentou entretanto a resolução não ter ido mais além, uma vez que deveria incluir uma condenação do Hamas e a sua classificação como grupo terrorista.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, comunicou entretanto numa rede social: “O Conselho de Segurança acaba de aprovar uma resolução há muito aguardada sobre Gaza a exigir o imediato cessar-fogo e a imediata libertação de reféns sem imposição de condições.” E acrescentou: “Esta resolução deve ser implementada. Falhar seria imperdoável.”
A GUERRA IRÁ CONTINUAR
O ministro da Defesa de Israel veio entretanto comunicar que o esforço de guerra de Israel irá continuar enquanto houver reféns em Gaza, Para o ministro Gallant, “é uma questão moral.” Gallant garantiu ainda que Israel prosseguirá a sua luta “contra o Hamas em todo o lado, incluindo em locais onde ainda não estivemos”. Esta será porventura uma referência à provável intervenção militar em Rafah, junto da fronteira com o Egipto e que todo o mundo tem vindo a condenar.