A retaliação do Irã a Israel pelo assassinato de dois chefes de grupos terroristas aliados aos iranianos será “rápida e pesada”, segundo o jornal americano “The Wall Street Journal”. A fala é atribuída a um diplomata iraniano e direcionada a diplomatas dos EUA e da Arábia Saudita, que atuam para tentar evitar um novo conflito no Oriente Médio.
Segundo o jornal americano, o governo iraniano também está impedindo que diplomatas dos EUA e Arábia Saudita atuem para evitar escalada nas tensões com Israel e um diplomata iraniano chamou as tentativas de “infrutíferas”.
“Não há sentido (nas conversas para evitar escalada). Israel ultrapassou todas as linhas vermelhas (…) Nossa resposta será rápida e pesada”, disse o diplomata iraniano.
O Oriente Médio vive uma escalada de tensão após os assassinatos dos chefes do Hamas e do Hezbollah nesta semana, com possibilidade do início de uma guerra entre Israel e Irã e grupos terroristas aliados dos iranianos –os Houthis se juntam ao Hamas e ao Hezbollah nas ameaças de retaliação. (Leia mais abaixo)
Israel foi culpada por ambos os ataques, mas não assumiu a autoria do assassinato de Ismail Haniyeh, do Hamas. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse apenas que seu país deu “golpes esmagadores” em aliados do Irã.
Agora, Israel e os Estados Unidos, maior aliado dos israelenses, estão se preparando para um ataque iraniano que pode vir sem aviso e ainda neste final de semana, segundo o “Wall Street Journal”. O Exército israelense está em alerta máximo e os EUA anunciaram nesta sexta (2) o envio de equipamentos de guerra, como destróieres, cruzadores e um esquadrão de caças ao Oriente Médio, segundo o Pentágono americano.
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, prometeu vingança após os assassinatos e ordenou um ataque direto contra Israel, segundo o jornal “The New York Times”. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu , por sua vez afirmou que vai cobrar um preço alto por qualquer agressão contra o país. Um conflito aberto entre Israel e Irã pode ser a maior guerra no Oriente Médio desde a 2ª Guerra Mundial, segundo especialistas.
Segundo Israel, o bombardeio que matou Muhsin Shukr, chefe do Hezbollah, no Líbano, foi uma resposta a um ataque às Colinas de Golã – ocupadas por Israel – que matou 12 crianças e adolescentes no último sábado (27).
Já o grupo terrorista Hamas, que teve seu chefe morto em Teerã, capital do Irã, está em guerra contra Israel na Faixa de Gaza desde outubro de 2023, após um atentado em território israelense que matou cerca de 1.200 pessoas.Mesmo sem que o governo israelense tenha assumido autoria pela morte do chefe do Hamas, o bombardeio no Irã foi interpretado de forma escalatória pelo líder supremo iraniano, Ali Khamenei, que prometeu “punição severa” para Israel. O novo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, criticou a ação dentro do país e afirmou que o Irã “defenderá sua integridade territorial” e que “Israel se arrependerá pelo assassinato covarde”.
As tensões entre Israel e Irã estão em uma escalada nos últimos meses, com os israelenses travando batalhas com grupos terroristas aliados do país, como Hamas, Hezbollah e a Guarda Revolucionária iraniana.
Na última vez que Em abril, os iranianos dispararam mais de 300 mísseis e drones em direção ao território israelense em retaliação ao assassinato por Israel de um comandante da Guarda na embaixada iraniana na Síria.
O comandante da Força Aérea de Israel, major-general Tomer Bar, disse que dezenas de aeronaves, tripuladas e não tripuladas, estão “prontas e preparadas em questão de minutos para qualquer cenário, em qualquer frente”. “Agiremos contra qualquer um que planeje causar danos aos cidadãos do Estado de Israel. Não há lugar que seja longe demais para nós atingirmos”, afirmou Bar.
Haniyeh, o principal nome do braço político do grupo terrorista, foi assassinado na madrugada desta quarta-feira durante uma visita a Teerã, no Irã, para a posse do novo presidente iraniano, segundo o próprio Hamas confirmou em um comunicado.
O porta-voz do governo israelense disse que “nós não faremos comentários sobre a morte de Haniyeh”, mas afirmou também estar em alerta máximo para possíveis retaliações por parte do Irã. O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, declarou que “Israel não quer guerra, mas estamos preparados para todas as possibilidades”.
O governo do Irã realizará um funeral do chefe do Hamas na quinta-feira (1º). No dia seguinte, o corpo de Haniyeh será enterrado em Doha, no Catar, onde ele vivia.
Sobre a ameaça do governo iraniano, o ministro disse que Israel está preparo e que vai cobrar um “preço alto” por qualquer ataque.
Greve em territórios palestinos e reação de aliados
A Guarda Revolucionária iraniana — braço de elite das Forças Armadas que responde ao líder supremo — também declarou que “o Irã e a frente de resistência responderão a esse crime”. O braço armado do Hamas — que planejou e executou o ataque a Israel em 7 de outubro de 2023, iniciando a guerra em Gaza — também disse que vingará o assassinato.
Os governos dos territórios palestinos — a Faixa de Gaza e a Cisjordânia — anunciaram uma greve geral, e o governo iraniano declarou luto de três dias por conta da morte de Haniyeh.
Segundo o embaixador do Brasil na Palestina, Alessandro Candeas, informou nesta manhã, ainda não havia manifestações nas ruas na Cisjordânia, mas o clima é de apreensão.
“Acompanhamos a evolução da situação. Por enquanto, (há) greve geral, sem manifestações de rua. Checkpoints de algumas cidades como Hebron estão fechados”, disse Candeas. “A comunidade brasileira está apreensiva, e teme-se o risco de escalada”.
Egito e Turquia também acusaram Israel pelo assassinato. O governo egípcio disse, em comunicado, que o episódio “indica a falta de vontade política de Israel para frear os conflitos regionais”. A nota aponta também que o caso complica as negociações por um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, que o Egito participa como negociador ao lado do Catar e dos Estados Unidos.
“Este assassinato é uma perversividade que visa interromper a causa palestina, a nobre resistência de Gaza e a luta legítima de nossos irmãos palestinos. No entanto, assim como até hoje, a barbárie sionista não atingirá seus objetivos”, declarou o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
Fonte: G1.