O movimento libanês Hezbollah confirmou neste sábado (28) a morte de seu líder Hassan Nasrallah e prometeu uma “guerra santa” — ou jihad — contra o “inimigo” Israel. Nasrallah foi atingido por um “ataque aéreo sionista traiçoeiro” no sul da capital Beirute e, segundo o Hezbollah, agora “se juntou a seus grandes e imortais companheiros mártires”.
O que é jihad
É entendida como uma ‘guerra santa’ contra os inimigos do Islã. No sentido literal, significa “esforço”, “luta” ou “combate”. No contexto islâmico, porém, se refere a qualquer tipo de esforço para que a vida pessoal e social esteja em conformidade com as orientações de Deus. A luta interna de uma pessoa contra o mal dentro de si mesmo ou para defender o Islã, por exemplo, são tipos de jihad.
Jihad é classificada como interna (‘maior’) e externa (‘menor’). A primeira envolve a luta contra as próprias paixões e impulsos, enquanto a segunda, que é subdividida em jihad da caneta/língua (debate ou persuasão) e da espada (guerra), se refere à luta contra os adversários do Islã. As concepções de jihad variam muito entre muçulmanos, podendo incluir desde viver de maneira justa e promover a paz até lutar contra opositores.
Não muçulmanos frequentemente associam a jihad à violência. Isso acontece porque, ao longo do tempo, o sentido de jihad se perdeu, dando origem a um discurso ideológico e político. Embora especialistas enfatizem os aspectos defensivos e não militarizados da jihad, grupos extremistas e terroristas tem adotado interpretações mais agressivas, distantes do conceito original e, por vezes, sem conotação religiosa.
Termo não deve ser confundido com o grupo Jihad Islâmica. A Jihad Islâmica surgiu nos anos 1980 e pertence a uma segunda geração de movimentos pró-Palestina. É considerada terrorista por EUA, Israel e União Europeia, e vista por especialistas como ainda mais radical do que o Hamas. Recentemente, foi adicionada pela ONU à “lista da vergonha”, que inclui grupos responsáveis por “graves violações que afetam crianças”.
Israel x Hezbollah
Israel e Hezbollah têm se atacado desde o início da guerra em Gaza. Ambos sempre recuaram quando conflito parecia estar prestes a sair de controle. Recentemente, porém, Israel havia alertado sobre uma operação militar maior para interromper os ataques com origem no Líbano e permitir que centenas de milhares de israelenses refugiados retornem para suas casas.
Fronteira entre Israel e Líbano é palco de ataques quase diários. Até segunda (23), os disparos haviam matado cerca de 600 pessoas no Líbano — a maioria combatentes do Hezbollah — e 50 militares e civis israelenses. Também forçaram centenas de milhares de pessoas que moram perto da fronteira a deixarem suas casas, tanto em Israel quanto no Líbano.
Crise aumentou após explosões de pagers e walkie-talkies do Hezbollah. O que tem sido considerado como um ataque sem precedentes (assista abaixo) matou, ao todo, 37 pessoas — incluindo duas crianças — e deixou quase 3.000 feridos, segundo balanço do Ministério da Saúde libanês. As explosões foram um duro golpe para o Hezbollah, que culpou Israel e prometeu vingança.
Países já travaram uma guerra intensa de 34 dias em 2006. O conflito deixou mais de 1.200 mortos do lado libanês, a maioria civis, e cerca de 160 do lado israelense, a maioria soldados. “Israel [agora] quer aumentar a pressão sobre o Hezbollah e forçá-lo a repensar seu alinhamento com Gaza. A situação é muito perigosa, mas ainda há espaço para a diplomacia evitar o pior”, disse à AFP o analista político Michael Horowitz.
Fonte: AFP.