Este ano será o mais quente desde o início dos registros, com a expectativa de que as temperaturas extraordinariamente altas persistam pelo menos até os primeiros meses de 2025, afirmaram cientistas da União Europeia nesta segunda-feira.
Os dados do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), da UE, foram divulgados duas semanas depois que as negociações climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU) resultaram em um acordo de 300 bilhões de dólares para combater as mudanças climáticas, um pacote que os países mais pobres criticaram como insuficiente para cobrir os custos crescentes dos desastres relacionados ao clima.
O C3S disse que os dados de janeiro a novembro confirmaram que 2024 certamente será o ano mais quente já registrado e o primeiro em que as temperaturas médias globais excederão 1,5 grau Celsius acima do período pré-industrial de entre 1850 e 1900.
O ano mais quente registrado anteriormente foi 2023.
O clima extremo varreu o mundo em 2024, com secas severas atingindo a Itália e a América do Sul, enchentes fatais no Nepal, Sudão e Europa, ondas de calor no México, Mali e Arábia Saudita que mataram milhares de pessoas e ciclones desastrosos nos EUA e nas Filipinas.
Estudos científicos confirmaram as impressões digitais da mudança climática causada pelo homem em todos esses desastres.
O mês passado foi classificado como o segundo novembro mais quente já registrado, depois de novembro de 2023.
“Ainda estamos em território quase recorde de temperaturas globais, e é provável que isso permaneça pelo menos nos próximos meses”, disse à Reuters o pesquisador climático do Copernicus, Julien Nicolas.
As emissões de dióxido de carbono provenientes da queima de combustíveis fósseis são a principal causa das mudanças climáticas.
Reduzir as emissões a zero — como muitos governos se comprometeram a fazer — impedirá o agravamento do aquecimento global. No entanto, apesar dessas promessas verdes, as emissões globais de CO2 devem atingir um recorde este ano.
Os cientistas também estão monitorando se o padrão climático La Niña — que envolve o resfriamento das temperaturas da superfície do oceano — poderá se formar em 2025.
Isso poderia esfriar brevemente as temperaturas globais, embora não interrompesse a tendência subjacente de longo prazo do aquecimento causado pelas emissões. O mundo está atualmente em condições neutras, depois que o El Niño — a contraparte mais quente do La Niña — terminou no início deste ano.
“Embora 2025 possa ser um pouco mais frio do que 2024, se ocorrer um evento La Niña, isso não significa que as temperaturas serão ‘seguras’ ou ‘normais'”, disse Friederike Otto, professora sênior do Imperial College, em Londres.
“Ainda teremos altas temperaturas, resultando em perigosas ondas de calor, secas, incêndios florestais e ciclones tropicais.”
Fonte: Reuters.