Uma descoberta arqueológica rara ocorreu durante escavações em Hadrianópolis, uma antiga cidade bizantina na Turquia: um amuleto do século 5º que combina elementos de religiosidade e simbolismo militar.
A peça, um pendente de bronze, ilustra o lendário rei Salomão sobre um cavalo empunhando uma lança, enquanto enfrenta uma figura demoníaca. Este amuleto possivelmente servia como um talismã de proteção para cavaleiros bizantinos, transmitindo uma mensagem de força e defesa contra o mal.
O anúncio, divulgado em novembro, veio quase na sequência de outra descoberta. Em agosto foi divulgado, após escavações realizadas junto à Universidade de Haifa, o descobrimento de um selo talhado em rocha em Jerusalém. Esse selo pode ter provado a existência de Joeser, um dos guerreiros do rei Davi, pai de Salomão, citado na Bíblia.
Importante para vários fiéis
“Ele simboliza tanto a religião quanto o poder”, afirmou em um comunicado o arqueólogo Ersin Çelikba, da Universidade de Karabük, comentando que amuletos como esses eram frequentes, sobretudo entre os militares do passado. Ressaltam uma combinação de proteção espiritual e autoridade.
Inscrições em grego antigo também foram identificados no artefato achado na Turquia. Em um verso, está escrito: “Nosso Senhor derrotou o mal”, enquanto do outro estão citados os respectivos nomes Azrael, Gabriel, Miguel e Israfil, anjos de grande poder para as tradições judaica, cristã e islâmica, reforçando a ligação com Salomão, que também é respeitado nessas três grandes religiões.
“O fato de ele ser mencionado como governante na Torá (o texto sagrado do judaísmo) e na Bíblia (que é o livro sagrado do cristianismo), além de ser reconhecido como profeta no islamismo, torna a representação de Salomão neste [pingente] algo surpreendente. Essa descoberta destaca a importância do artefato para a arqueologia da Anatólia”, afirmou o arqueólogo Ersin Çelikba.
Fama de Salomão persiste
Apesar de ser frequentemente mencionado em textos religiosos. No entanto, a descoberta do amuleto de 1.600 anos sugere como sua figura resistiu aos séculos, num contexto em que o cristianismo estava se tornando a maior religião do império, no período bizantino.
Nas tradições bíblicas, Salomão atuou também como um grande comandante de exércitos, o que faz sentido com a hipótese de que o amuleto tenha sido de um soldado de cavalaria. Çelikba? e sua equipe fizeram a descoberta em uma área de Hadrianópolis que pode estar ligada a atividades bélicas, reforçando a teoria.
Hadrianópolis, anteriormente Uskudama, foi uma cidade trácia reedificada pelo imperador Adriano em 124 d.C., que lhe batizou em sua homenagem. Depois, ela tornou-se um notável centro religioso e militar do Império Bizantino, famosa por suas ruínas arqueológicas. O amuleto de Salomão encontrado na região está em estudo e será exposto em um museu. Enquanto isso, as escavações continuam.
Fonte: UOL.