Deslocar os palestinos de seus territórios na Faixa de Gaza e na Cisjordânia é “inaceitável” para a região, afirmou nesta quarta-feira (12) o secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Abul Gheit.
“Hoje, o foco está em Gaza, e amanhã estará na Cisjordânia, com o objetivo de esvaziar a Palestina de sua população histórica“, declarou Abul Gheit na Cúpula Mundial de Governos em Dubai, ao ser questionado sobre a proposta do presidente dos EUA, Donald Trump, de deslocar os habitantes de Gaza.
“É inaceitável para o mundo árabe, que tem lutado contra esta ideia há 100 anos. (…) Após resistir a isso por 100 anos, nós, os árabes, não vamos ceder agora de maneira alguma”, enfatizou Gheit.
A Liga Árabe é uma organização de Estados árabes fundada em 1945, tem 22 Estados-membros, do Oriente Médio e da África. Os países da aliança incluem aliados dos EUA, como a Arábia Saudita e o Egito, e outros importantes da região, como os Emirados Árabes, o Catar, Jordânia, Iraque, Líbano. A Liga também tem um representante da Palestina. O Brasil é um dos países observadores da organização.
Muitas lideranças do mundo árabe, assim como os governos do Irã, Brasil e alguns países europeus, condenaram a ideia de Trump de retirar os palestinos de Gaza, devastada pela guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, para realocá-los em outras nações da região como Egito e Jordânia. O deslocamento foi sugerido pelo presidente americano quando ele afirmou que os EUA “assumiriam” Gaza no pós-guerra.
O presidente dos Emirados Árabes Unidos, o sheik Mohammed bin Zayed Al Nahyan, reforçou ao secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, nesta quarta-feira, a necessidade da solução de dois Estados e rejeitou categoricamente qualquer deslocamento de palestinos e a negação de “direitos inalienáveis”, segundo a agência de notícias estatal Wam.
Ao mencionar a ideia de Trump, o governo do Egito, país fronteiriço com Gaza, afirmou na terça-feira que apresentará uma estratégia para a reconstrução do território, mas garantindo que sua população possa continuar vivendo no local.
Trump também sugeriu que os Estados Unidos poderiam assumir o controle do território costeiro. Na terça-feira, ele insistiu na ideia, ao receber na Casa Branca o rei da Jordânia, Abdullah II.
O monarca expressou uma oposição veemente ao deslocamento dos palestinos de Gaza e da Cisjordânia para países da região, mas concedeu um gesto a Trump: acolher em seu país “imediatamente” 2.000 crianças palestinas em tratamento contra o câncer.
China se opõe a ‘deslocamento forçado’ de palestinos
A China afirmou nesta quarta-feira (12) sua oposição ao “deslocamento forçado” da população de Gaza para os realocar em outros países da região, segundo a proposta de Trump.
“Gaza pertence aos palestinos e é parte integrante do território palestino”, disse Guo Jiakun, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China.
“Nós nos opomos ao deslocamento forçado dos habitantes de Gaza”, devastada por mais de 15 meses de guerra entre o movimento islamista Hamas, que governa o território, e Israel, acrescentou o porta-voz.
O presidente americano surpreendeu o mundo na semana passada quando, ao receber na Casa Branca o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, propôs que Washington assuma o controle de Gaza e que seus habitantes sejam realocados em países da região, como Egito e Jordânia.
Trump insistiu novamente na ideia na terça-feira, ao receber o rei da Jordânia em Washington, ao afirmar que deseja colocar a Faixa “sob autoridade americana”.
Jordânia e Egito se opõem ao deslocamento da população de Gaza. O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Abul Gheit, afirmou nesta quarta-feira que a ideia é “inaceitável”.
Fonte: AFP.